quinta-feira, 28 de junho de 2012

UM NOVO CORAÇÃO


Ezequiel 36.16-32

INTRODUÇÃO

        Desde o início da humanidade, após o pecado original, o coração do homem é por natureza rebelde e resiste a Deus, o seu Criador. Já em Gênesis 6.5 percebemos claramente esta situação: O Senhor viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal.”
        Na verdade, o coração generoso de Deus se aproxima do homem através da cruz e lhe mostra o inexplicável: amar incondicionalmente, indiscriminadamente e individualmente!
        Nos tempos do profeta Ezequiel, (586 a.C.), a cidade de Jerusalém foi tomada pelos babilônios. O profeta então viveu na Babilônia, para onde os israelitas tinham sido levados como prisioneiros. Ezequiel pregou mensagens de Deus dirigidas ao povo que estava ali na Babilônia e também aos moradores de Jerusalém.
        Ezequiel é o profeta das visões, das parábolas e das ações simbólicas. Ele ensinou que cada um é responsável pelos seus próprios pecados e que todos devem se renovar no seu íntimo – no coração, portanto.
        Através desta meditação podemos refletir em como Deus age com relação ao nosso coração pecaminoso e como Ele nos dá um novo coração quando o permitimos.

UM CORAÇÃO DE PEDRA

O homem é mal. Suas inclinações são para o mal. Tudo o que tem à mão e que é dado por Deus, sempre acaba deturpando. É o que demonstra o v.17. Deus deu a Israel a Terra Prometida com todos os seus benefícios, mas o povo profanou-a com suas atitudes de rebeldia: “...eles a contaminaram com sua conduta e com suas ações.”
Ao ler a história do AT, questionamos o fato de Deus parecer cruel com sua nação eleita. Entretanto, Deus nada mais fez do que dar-lhe de volta o castigo na mesma proporção do seu erro. Veja que no final do v.19 o profeta anuncia: “...eu os julguei de acordo com a conduta e as ações deles.”
Assim, Ezequiel classifica o coração humano como um coração de pedra ou de que somos duros de coração, como em algumas versões (v.26). De fato, nossos corações são voltados para o erro. Persistimos em deixar que o velho homem apareça e só a intervenção de Deus pode mudar esse quadro.

A INTERVENÇÃO DE DEUS

Deus não tenta melhorar o homem, não faz remendos, mas dá ao homem um novo espírito e um novo coração.
É o que diz o v.26: “Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne.”
É interessante essa disposição de Deus em dar ao homem um novo espírito e um novo coração.
Davi no Salmo 51.10 fez este mesmo pedido a Deus em oração: “Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável.”
A idéia que o texto nos propõe é de uma mudança de mente e coração. Deus deseja transformar o interior, o caráter. Deseja tirar um coração duro e colocar no lugar um coração dócil e maleável.
 
UM CORAÇÃO DE CARNE

O texto lido diz que Deus tiraria do seu povo o coração de pedra e lhe daria um coração de carne (v.26).
Mas, a pergunta é: Nosso coração não é de carne?  E a resposta é: Sim, ele foi feito de carne, mas no aspecto espiritual, o homem o transformou em um coração de pedra por sua obstinada rebeldia.
Deus então o tira e coloca um coração de carne segundo o Seu propósito inicial para com o homem e agora sim Ele pode, finalmente, habitar neste coração.
E quando Deus o habita, mudanças extraordinárias acontecem. O homem retorna ao plano inicial de Deus e passa a provar de bênçãos sem medida que só Ele pode conceder. Vejamos o que acontece com um novo coração dado por Deus:

O novo coração tem prazer em obedecer aos mandamentos do Senhor:
“Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis.” (v.27)
O cristão que tem um novo coração dado por Deus busca a orientação na Palavra para tudo quanto vai fazer e nela está o seu prazer. A leitura da bíblia não lhe parece enfadonha; pelo contrário, é sua fonte de inspiração para um viver sadio e correto.
A frase “porei o meu Espírito em vocês” é curiosa porque ele remete a uma manifestação neotestamentária, ou seja, o derramamento e a morada permanente do Espírito Santo dentro daquele que é salvo por Jesus Cristo. Nesse sentido, o Dr. Shedd ressalta que a presença do Espírito Santo dentro do homem depende inteiramente de Jesus Cristo e ela começou a acontecer no dia de Pentecostes.
O quanto a Palavra de Deus tem falado ao seu coração e ao invés de mudá-lo tem tornado-o cada vez mais rebelde e insensível quanto aos seus ensinamentos preciosos para a vida?

O novo coração restaura o homem à presença de Deus:
“Vocês habitarão na terra que dei aos seus antepassados; vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.” (v.28)
Aquele que tem um novo coração pode desfrutar da presença constante de Deus em sua vida e se torna seu escolhido e herdeiro. Trata-se de um relacionamento convencional com Deus. Como é bom poder saber que pertencemos ao Senhor e que nele podemos buscar o auxilio para nossas aflições!
Muitas de nossas tristezas acontecem por sentirmos que nossas transgressões nos separam de Deus e por isso Ele não tem ouvido nossas orações.

O novo coração é liberto da impureza e desfruta de plena abundância:
“Eu os livrarei de toda a sua impureza. Convocarei o cereal e o tornarei numeroso, e não trarei fome sobre vocês. Aumentarei os frutos das árvores e as safras dos campos, de modo que vocês não sofrerão mais vergonha entre as nações por causa da fome.” (vs.29-30)
Tudo aquilo que é mal o Senhor trabalhará. Veja que é Ele quem tira a impureza, não nós. A impureza a que o texto se refere é a impureza ritual e moral, e quão difícil é se libertar dela!
Deus promete abençoar com fartura e dar a provisão necessária para um viver santo e sem murmuração. Deus promete suprimento abundante de todas as necessidades.
Veja que o texto não fala sobre a prosperidade que vem sendo pregada. Existe a condição da entrega em primeiro lugar para que Deus abençoe. É o abandono total da idolatria. Portanto, não se trata de ter Deus em primeiro lugar; mas de Ele ser o Único.

O novo coração repudia as coisas deste mundo e se apega às coisas de Deus:
“Então vocês se lembrarão dos seus caminhos maus e das suas ações ímpias, e terão nojo de si mesmos por causa das suas iniqüidades e das suas práticas repugnantes.” (v.31)
Enquanto mais nos aproximamos de Deus, mais nos distanciamos do mundo. Como disse o apóstolo Paulo em Filipenses 3.7: “Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo.”
Um novo coração se alegra com as coisas de Deus e, consequentemente, situações, conversas e lugares deixam de fazer parte de sua vida não por pressão, mas por opção.
Deus não se intromete. Ele não decide por nós se não permitirmos o Seu agir através de nossas vidas. Ele diz em Apocalipse 3.20: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.” Embora muito usado para evangelização, na verdade este texto é para os crentes. Foi escrito na carta enviada à igreja de Laodicéia. Veja que no verso anterior (v.19), Ele diz: “Repreendo e disciplino aqueles que eu amo. Por isso, seja diligente e arrependa-se.” (v.19).
A mudança de nossas vidas é operada por Deus, mas a decisão em permitir que isso efetivamente aconteça pertence a cada um de nós, seus servos. Entretanto, Deus não é um opressor que fica a espreita observando se vamos falhar para nos castigar. Devemos servi-lo por prazer a ponto de cada vez mais as coisas deste mundo tornarem-se menos importantes em nossas vidas.
Portanto, onde está sua alegria: Em servir a Jesus ou nos prazeres deste mundo?
 
CONCLUSÃO

Não há mérito nenhum no homem. A mudança do coração é consumada por Deus, porém o arrependimento está condicionado a uma decisão humana e, quando isso acontece, a glória pertence unicamente ao Senhor.
É o que Ezequiel diz no v.32: “Quero que saibam que não estou fazendo isso por causa de vocês. Palavra do Soberano, o Senhor. Envergonhem-se e humilhem-se por causa de sua conduta, ó nação de Israel!”
Não significa que Deus não se importasse com Israel, mas era porque os israelitas não mereciam o que Ele estava por fazer.
Quando nos voltamos para o Senhor, quando permitimos que retire o nosso coração de pedra e nos coloque um coração de carne, podemos estar certos de que Ele nos dará promessas de restauração assim como fez com seu povo, Israel.
No v.24 Deus promete: “eu os tirarei... os ajuntarei... e os trarei de volta...” Ele quer fazer o mesmo comigo e com você. Que nos entreguemos àquilo que o Senhor deseja fazer em nossos corações!
Que o nosso coração, diante de Deus e dos homens, seja tão humilde e sincero como escreveu o apóstolo João: “Assim saberemos que somos da verdade; e tranqüilizaremos o nosso coração diante dele quando o nosso coração nos condenar. Porque Deus é maior do que o nosso coração e sabe todas as coisas.” (I João 3.19-20).
  
Pr. Elias M. Santos – 28/06/2012

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