quarta-feira, 27 de junho de 2012

MISERICÓRDIAS INFINDAS



MISERICÓRDIAS INFINDAS

Lamentações 3.22-36

Introdução

         Certa vez ouvi do Pr. Antonio Lopes da Silva que a palavra misericórdia era a junção de outras duas: miséria e corda. É como se alguém estivesse dentro de um poço profundo, na mais absoluta miséria e sem poder salvar-se a si mesmo, quando, de repente, alguém lhe lança uma corda, através da qual ele possa ser retirado daquele lugar frio e sombrio.
Lamentações é uma coleção de cinco poemas nos quais se chora a destruição de Jerusalém em 586 a.C. O país havia sido arrasado, e o povo havia sido levado prisioneiro. Esses poemas são recitados pelos judeus, com jejum e orações, para relembrarem todos os anos a destruição de Jerusalém.
Embora o livro fale muito de coisas tristes como a destruição e o castigo, ele também trata da misericórdia vinda da parte de Deus, mostrando que aquele que nele confia pode ter esperança no futuro.

O alcance da misericórdia

A idéia que o livro nos dá é a de que Jeremias está em pé em meio as ruínas da cidade e do templo, queimadas à fogo, onde se acham espalhadas também as cinzas do povo.
O texto base desta meditação, porém, se acha em contraste com o restante do livro, pois contém um lampejo de esperança, como mencionado na introdução.
A mensagem do livro para nós hoje é a de que se apenas nos esquecermos de nossas tristezas, e nos voltarmos para a misericórdia, compaixão e bondade do Senhor teremos luz em meio a mais profunda escuridão.
Jeremias queria que o povo soubesse que nem tudo estava perdido. Deus tinha misericórdia infinda por sua nação eleita.
O texto base nos mostra que temos razões para ter esperança, porque a ira do Senhor é de curta duração e Suas misericórdias não têm fim: “Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade!” (vs.22-23).
Deus não havia rejeitado Judá como o povo do seu concerto, pois, ainda tinha um propósito para ele. Da mesma forma, Deus tem um propósito para nós e por isso não nos rejeita e as suas misericórdias por nós são infindas, renovam-se a cada manhã.
O teólogo F. Davidson em seu Comentário Bíblico expõe que as traduções mais antigas da bíblia trazem os vs.22-23 da seguinte forma: “As misericórdias do Senhor verdadeiramente não cessam...” e são adaptadas às necessidades de cada dia!  

O tempo da misericórdia

O Senhor é bom e misericordioso com aqueles que nele esperam, com humildade e sincero arrependimento: “Digo a mim mesmo: A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança. O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam; é bom esperar tranqüilo pela salvação do Senhor. É bom que o homem suporte o jugo enquanto é jovem.” (vs.24-27).
O Senhor tem compaixão dos que sofrem, uma vez alcançado o alvo do sofrimento permitido por ele: Leve-o sozinho e em silêncio, porque o Senhor o pôs sobre ele. Ponha o seu rosto no pó; talvez ainda haja esperança. Ofereça o rosto a quem o quer ferir, e engula a desonra. Porque o Senhor não o desprezará para sempre. Embora ele traga tristeza, mostrará compaixão, tão grande é o seu amor infalível. Porque não é do seu agrado trazer aflição e tristeza aos filhos dos homens.” (vs.28-33).
Deus quer moldar o nosso caráter e nos mostrar o seu poder quando nos humilharmos diante de sua potente mão.
Deus, às vezes, permite aflições sobre crentes rebeldes, para realizar uma obra benéfica e purificadora na vida deles. Crentes em tais situações devem confessar os seus pecados, buscar o perdão e confiar no Senhor quanto ao seu perdão e restauração.
Muitas vezes não temos recebido o perdão de Deus por causa da falta de sinceridade de nossos corações. Jeremias orienta ao povo que coloque o rosto no pó (v.29).
Observemos que Deus não é um sádico que sente prazer em nosso sofrimento. O v.33 deixa isso muito claro: “Porque não é do seu agrado trazer aflição e tristeza aos filhos dos homens.”
Na verdade Deus nos castiga porque precisa manter a ordem moral no mundo. O objetivo de Deus é que o efeito final dessa forma de aflição seja a restauração espiritual da pessoa.
As palavras do apóstolo Pedro também confirmam a expressão do amor de Deus contida em nos corrigir: “O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.” (II Pd 3.9).  
É bom ter esperança e aguardar calmamente; tomar o jugo de Cristo e aprender dele; ficar em silêncio com submissão é fé.

Conclusão

Deus não nos rejeitará para sempre. Ele não se agrada de nos afligir; não tem disposição nem prazer em rejeitar um homem nem subverter sua escolha. Podemos ter certeza de que o Senhor não nos expulsará nem nos rejeitará.
Ele pode esconder o rosto por um momento, mas com bondade eterna Ele mostrará compaixão, de acordo com a grandeza da sua misericórdia.
Não é o que disse o salmista Davi em seu momento de aflição quando soube esperar em silêncio o favor de Deus?
Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus.” (Sl 42.11).
Para encerrar, quero reler o texto base desta meditação conforme o mesmo está escrito na versão da Bíblia A Mensagem de Eugene H. Peterson:
“O amor leal do Eterno não pode ser acabado, Seu amor misericordioso não pode ser secado. Eles são renovados a cada manhã. Como é grande a tua fidelidade! Eu me apego ao Eterno (digo e repito). Ele é tudo o que me restou.
O Eterno se mostra bom para aquele que espera nele, para a mulher que busca com diligência. Boa coisa é esperar em silêncio, esperar a ajuda do Eterno. Boa coisa é, quando jovem, suportar com paciência as provações.
Quando a vida está difícil de suportar, entregue-se à solidão. Recolha-se ao silêncio. Curve-se em oração. Não faça perguntas. Espere até que surja a esperança. Não fuja das provações: Encare-as. O “pior” nunca é pior.
Por quê? Porque o Senhor nunca vira as costas de vez. Se ele age com severidade, age, também, com ternura. Seus depósitos de amor leal são imensos. Ele não tem prazer em tornar a vida difícil, em espalhar pedras pelo caminho, em pisar com dureza os prisioneiros desafortunados, em recusar justiça às vítimas na corte do Deus Altíssimo, em adulterar evidências – o Senhor não aprova essas coisas.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário