Eclesiastes 3.1-14
A palavra ‘Eclesiastes’ vem do grego e significa ‘Pregador’. Na verdade, o livro é um sermão destinado a mostrar que a natureza dos prazeres do mundo e a realização deles não dão satisfação completa, a não ser que Deus governe o coração e a vida. A grande lição é que a verdadeira sabedoria do homem está em temer a Deus e estar sempre atento ao julgamento que, inevitavelmente acontecerá.
‘Vaidade’ é a palavra chave do livro e nele ela aparece 29 vezes. O problema que o autor tenta equacionar em todo o seu conteúdo é como alcançar a verdadeira felicidade.
Já li ou citei esse texto algumas vezes em velórios. Muitos pregadores o usam em velórios. É evidente, porque ele trata do tempo de Deus em relação a visão limitada da humanidade.
O escritor do livro (muito fortemente aceito que seja Salomão) é um homem velho e experiente. Já passou por muitas coisas em sua vida. Os jovens certamente têm dificuldade em compreendê-lo. O Pr. Ed Renée Kivitz escreveu um livro chamado “O Livro Mais Mal-Humorado da Bíblia”, se referindo a Eclesiastes.
O livro foi incluído na bíblia para nos ensinar que a busca da felicidade é vã, enquanto for ela separada de Deus. Salomão teve ilimitadas oportunidades de realizar sua busca. Tinha juventude, riquezas, sabedoria, realeza e amor humano, mil mulheres – mas quando ele misturou e experimentou tudo isso em sua vida, sentiu-se insatisfeito e triste.
Correndo contra o tempo!
Nossa vida é uma constante correria. O tempo tem passado rápido demais e creio que nossa correria tenha muito a ver com tudo isso. O fato de corrermos tanto nos leva a crer que temos domínio sobre o tempo. Fazemos as coisas de forma cronometrada. Desde o despertar de nossos relógios ou celulares pela manhã (os fabricantes de despertadores e rádios-relógios foram à falência!) até ao anoitecer, queremos que o tempo esteja em nosso favor, porém, corremos contra ele constantemente: Temos hora para acordar, hora para pegar a condução, hora para entrar no trabalho, hora para descanso e refeição, hora para retorno, hora para atividades domésticas, hora para nossos cônjuges, hora para nossos filhos, hora para nosso lazer, hora para dormir, hora para ir à igreja, hora para as reuniões e outras atividades, etc., etc, etc!
Nossos relógios e agendas nos fazem pensar que temos o controle da situação. Entretanto, O homem não tem o controle sobre o tempo. Deus predetermina, de modo soberano, todas as atividades da vida: “Muitos são os planos no coração do homem, mas o que prevalece é o propósito do Senhor.” (Pv 19.21).
Há vários tempos apontados pelo escritor entre os vs.2-8. São coisas do cotidiano. O que ele realmente quer que entendamos é que os acontecimentos e as épocas características ao longo do tempo são imposições sobre a humanidade, ou seja, ninguém pode escolher a época de chorar (você sabe quando passará por uma aflição?). As circunstâncias moverão nossas ações e reações.
Não é possível ao homem viver uma vida de ostracismo, alheio aos acontecimentos, viver de forma contemplativa, enfim. Fazemos parte da história e isso é imutável. O homem, portanto, não tem controle sobre o destino, nem mesmo de sua própria alma!
O tempo de Deus
Certo teólogo disse: “Deus está intimamente ligado ao tempo. O próprio relacionamento dele com os homens exige uma ordenação do tempo para o cumprimento de seus propósitos”. Certamente a base desta reflexão é a história do Antigo Testamento. Deus moveu a história para que as coisas acontecessem exatamente da maneira como Ele as determinou.
O v.1 diz: “Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu.” Tempo simplesmente significa uma ocasião ou uma época e propósito é aquilo que a pessoa deseja fazer. Tempo é quando e propósito é para que.
O tempo de Deus é doutrinador. Deus busca nos moldar através do amadurecimento. O tempo é peça fundamental nesse quebra-cabeça que é a vida. Certamente só a velhice fez Salomão refletir os erros da juventude.
Agora, quando olhamos para os vs.9-10, vemos que essa idéia ganha maior amplitude. Não se fala mais daquilo que está somente debaixo do sol, mas agora aparece o nome de Deus dando sentido a sua intervenção: “O que ganha o trabalhador com todo o seu esforço? Tenho visto o fardo que Deus impôs aos homens.”
O temporal e o eterno
No v.11, Deus mostra que tudo fez a seu tempo. E mostra ainda que o homem anseia por aquilo que é eterno: “Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que Deus fez.”
É verdade! A busca constante do homem sempre foi saber de onde veio e para onde vai. Nada neste mundo passageiro se compara a eternidade que está proposta por Deus.
Só em Deus podemos encontrar o descanso para nossas almas. Agostinho em suas Confissões declarou: “Tu nos fizeste para ti mesmo, e nossos corações não descansam enquanto não encontram paz em ti”.
Como fomos criados para a eternidade, as coisas temporais não podem nos satisfazer de modo integral e permanente.
A verdadeira felicidade
Muito se fala sobre a busca da felicidade. O escritor aqui nos ensina pelo menos duas lições práticas para que aprendamos o seu sentido. Observe que nas duas lições ele cita a palavra ‘descobri’, o que demonstra que o tempo trabalhou a sua percepção e, consequentemente, o seu caráter:
PRATICAR O BEM
“Descobri que não há nada melhor para o homem do que ser feliz e praticar o bem enquanto vive.” (v.12).
Ele sugere primeiramente que sejamos felizes e pratiquemos o bem. Ser feliz aqui significa contentamento com o que se é e o que se tem; e praticar o bem não estaria ligado à filantropia, mas fazer o que é certo na vida.
VIVER HONESTAMENTE
“Descobri também que poder comer, beber e ser recompensado pelo seu trabalho, é um presente de Deus.” (v.13).
Uma vida de honestidade serve de modelo. Trabalhar e viver de seu trabalho são coisas dignas. Não são poucas as pessoas de bem que, ao serem perguntadas qual a razão de seu sucesso, respondem: “Aprendi isso com meus pais que, embora humildes, sempre nos ensinaram sobre uma vida de dignidade!”
TEMER A DEUS
Nossa vida está segura em Deus. A terra está cada vez mais cheia de futilidade, transitoriedade, falta de confiança. A verdadeira segurança está no agir soberano e gracioso de Deus.
O v.14 finalmente diz: “Sei que tudo o que Deus faz permanecerá para sempre; a isso nada se pode acrescentar, e disso nada se pode tirar. Deus assim faz para que os homens o temam.”
Neste versículo, observemos dois aspectos que o escritor de Eclesiastes salienta com relação à ação de Deus:
Em primeiro lugar, A AÇÃO DE DEUS É PERMANENTE, ou seja, nela não há a menor possibilidade de fracasso. Se permanece é porque é boa e perfeita e, por isso, não falha.
Em segundo lugar, A AÇÃO DE DEUS É TOTALMENTE SEGURA, ou seja, jamais terminada de forma incompleta, o que certamente geraria perigo e inconstância para nós.
Tudo isso nos conduz à nosso papel neste relacionamento: Temer a Deus! Não um temer covarde de algo que não se sabe o que é, mas, pelo contrário, um temor reverencial e uma séria consideração pelos atos de Deus em nosso favor.
Conclusão
Para concluir, as palavras de Eclesiastes 12.13, resumem o conteúdo de um livro de um homem amadurecido pelo tempo de Deus em sua própria vida: “Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e guarde os seus mandamentos, pois isso é o essencial para o homem.”
Os prazeres terrenos são transitórios. Estamos aqui de passagem. Somos como forasteiros. Naquele Grande Dia, a única consideração importante será: Qual foi nossa atitude para com Deus?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue palavra e reflexão, que o nosso bondoso DEUS, continue te abençoando, pastor.
ResponderExcluirGraça e paz seja contigo.