Só havia sombra e escuridão. Não havia qualquer possibilidade de se enxergar algo que desse uma direção, um sentido pra viver. As esperanças haviam acabado. A origem do pecado cria ramos muito longos: medo, pânico, desavença, desconforto, vergonha, nudez, suor, sofrimento, dor, morte.
Tem que haver um plano. É preciso poder voltar a sonhar. Ainda que seja por uma noite!
De repente, uma luz é acesa. Uma idéia que brota no coração de alguém que olha para os lados e não vê mais ninguém, a não ser seu próprio Filho.
Talvez, num primeiro momento um sentimento doloroso por pensar em entregar alguém tão querido e único; mas tudo isso é instantaneamente vencido por um sentimento maior e que a limitada natureza de um simples mortal como eu nunca conseguiu entender plenamente (e creio que jamais conseguirei) – o amor.
Como se livrar de tanto sofrimento? Como trazer de volta a esperança que antes estava expressa no rosto de um homem perfeitamente formado? Como fazer surgir luz no meio de tão grande escuridão?
É um processo. As coisas não acontecem automaticamente, como num passe de mágicas, ou num estalar de dedos. Mas, não poderia ser? Afinal, Ele não pode todas as coisas?
Há coisas que são sublimes demais para que o homem possa compreender.
Entretanto, Ele quer mais. Quer que o homem participe ativamente desse projeto. E tem que ser do começo ao fim. Do nascimento até a morte.
Para aqueles a quem foi revelado em parte, aquilo que seria pleno, foi dito que Ele não teria formosura, mas também que seu Reino não teria fim.
Ele seria predestinado desde o seu nascimento. Salvação para seu povo. Luz para os gentios.
Aquelas pessoas que andavam trôpegas na escuridão passariam a enxergar através da lente da fé, da claridade reluzente que seria trazida por alguém que poderia ter recebido o nome de “Esperança” que certamente lhe cairia muito bem!
Seu nascimento foi esplêndido. Como uma pintura de Van Gogh, Picasso, Da Vinci. Nasceu ao som de cânticos de anjos, tal qual a obras sinfônicas de Haendell, Beethoven, Mozart, Wagner, Mendelssohn.
Mas, o que aconteceu? Com o passar dos anos sua história foi se esfriando no coração dos homens e mulheres, tão preocupados com seu ventre e sucumbidos em meio a um materialismo desenfreado!
O que aconteceu com a manjedoura agora substituída por casas, móveis e carros novos? O que houve com o ouro, o incenso e a mirra que foram deixados de lado por causa de tecidos pomposos, calçados de marca e brinquedos caros? Aonde foram parar José e Maria, deixados em segundo plano por causa de mesas fartas e festas que não têm hora pra acabar?
Meu coração quase se rasga num surto de tristeza e desânimo quando de repente começo a enxergar ainda ao longe e posso ver a humilde manjedoura dentro do coração de servos dispostos a doar suas vidas pela maior das causas. De repente abro os olhos e enxergo os pastores e os magos personificados em pessoas que não medem esforços, distância, tempo, dinheiro e até mesmo perdas por optarem por uma entrega total de suas vidas. Começo a vislumbrar ‘Josés’ e ‘Marias’ através de pessoas que preferem estar no centro da vontade de Deus do que em qualquer outro tempo e lugar, independentemente do preço que isso possa lhes custar.
Num momento final de esperanças renovadas e fé fortalecida, levanto os olhos e vejo com um olhar cheio de esperança e um coração repleto de alegria, pessoas que ainda se emocionam ardentemente ao ouvir a mais bela de todas as frases:
“É que hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo o Senhor!”
Pr. Elias M. Santos
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