MARIA, A AGRACIADA
Lucas 1.26-38
INTRODUÇÃO
As primeiras representações iconográficas da Virgem Maria são as encontradas nas catacumbas romanas representando a Virgem Orante, ou seja , sozinha, em pé e de braços abertos. Também há representações suas em cenas retiradas da Bíblia ou dos Evangelhos Apócrifos. Com as resoluções do Concílio de Éfeso no ano 431, houve um grande incentivo ao culto da Virgem Maria, destacando-se o seu papel de ‘Mãe de Deus’. Desde então, as representações da Virgem com o Menino Jesus, foram se tornando cada vez mais comuns.
Quem foi Maria e o que ela representa para o cristianismo?
Nós que vivemos num país de predominância católica vemos a imagem de Maria estampada das mais diversas formas e cataloguei na internet no mínimo 120 nomes dados a ela, e, dentre estes os mais conhecidos por nós são: Virgem Maria, Maria de Fátima, Aparecida, etc.
Entretanto, diante de tudo isso, nós evangélicos preocupados em fugir da “mariolatria” acabamos por nos esquecer da importância que teve Maria para o cristianismo e é sobre isso que vamos meditar.
QUATRO ERROS SOBRE MARIA
Inicialmente, é preciso salientar quatro erros que são pregados pelo mundo afora com relação a Maria, os quais são:
1º Maria não é a mãe de Deus
Maria foi a mãe do Jesus histórico e humano, porque o Jesus divino antecede o Jesus histórico (João 1.1-3).
2º Maria não permaneceu virgem para sempre
Realmente Jesus nasceu de forma divina, através do Espírito Santo, mas, depois ela casou-se com José com quem teve outros filhos e são muitos os textos que podem comprovar isso, mas aqui fiquemos apenas com Mateus 13.55: “Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?”. Além disso, a bíblia não relata em lugar algum que José tenha sido polígamo, pelo contrário a sua conduta de vida e suas atitudes em relação ao período gestacional de Jesus por Maria demonstram que seria muito difícil que tivesse outra mulher.
3º Maria não foi elevada aos céus
Somente Jesus ascendeu aos céus. Para reforçar a mariolatria é que têm tentado dar a ela o poder de tal fenômeno.
4º Maria não é mediadora
Tentam ainda valorizar Maria dizendo que ela é mediadora entre Deus e os homens. Há uma frase utilizada em adesivos de carros que diz “peça à Mãe que o Filho atende”, porém, isso não tem qualquer respaldo bíblico. O mesmo acontece no popular filme brasileiro “O Alto da Compadecida”, onde Maria intercede por aqueles mortos que estariam fadados à perdição eterna. A bíblia relata que só há um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (I Tm 2.5).
Embora essas inverdades precisem ser afastadas, não podemos nos esquecer de outros atributos importantes de Maria que fizeram dela uma mulher especial, uma mulher de Deus, os quais passo a ressaltar aqui para nossa edificação espiritual.
MARIA FOI UM EXEMPLO COMO MULHER
É impossível que a escolha de Maria por Deus para gerar Jesus tenha sido feita aleatoriamente ou por sorteio. Certamente, tal escolha estava relacionada ao tipo de mulher que ela era.
Como sabemos as mulheres não eram valorizadas na sociedade, porém este quadro começa a ser modificado a partir do momento que Jesus surge na história, nascido do ventre de Maria.
Certamente, Maria era mulher de boa formação familiar e temente a Deus, ansiosa pelo cumprimento das promessas messiânicas, as quais entendeu muito bem ao receber a visita do anjo Gabriel em sua casa em Nazaré da Galiléia. Maria reunia condições morais, espirituais e familiares que a habilitavam para ser a mãe terrena do Filho de Deus.
José, com já vimos, que também possuía um excelente caráter percebeu isso nela e não a difamou perante a sociedade. O anjo de Deus impediu qualquer atitude de difamação certamente por saber que tipo de mulher era Maria.
Hoje vivemos numa sociedade moralmente corrompida onde inclusive as mulheres têm se submetido a uma condição vergonhosa, sendo tratadas como objetos espontaneamente. Deixaram de ser doces, para serem sensuais; de ser bonitas para serem insinuantes; de ser motivo de honra para ser objeto de prazer.
Que cada mulher cristã mire no exemplo da mulher que foi Maria e aprenda a desenvolver caráter e fé, vencer os obstáculos para gerar e criar seus filhos assim como fez Maria, mesmo tendo que fugir para o Egito gerando seu filho em péssimas condições numa estrebaria; e acima de tudo o ensinou o caminho de Deus, levando-o ao templo como mostram os textos bíblicos.
MARIA FOI UM EXEMPLO COMO SERVA
Só assume a condição de servo aquele que tem um relacionamento verdadeiro com seu Senhor. E este foi o caso de Maria.
Hoje temos visto muitas pessoas querendo ser servidas nas igrejas. Pastores que se tornam literalmente donos de suas igrejas. Pessoas que vêm ao culto somente em busca de receber bênçãos e nunca para doar.
Entretanto, não foi assim que Jesus praticou e ensinou: “Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mc 10.45).
De forma serena, Maria diz em Lucas 1.38: “Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra.”
O servo é humilde e submisso. Maria conhecia o Senhor a quem servia e por isso acreditou que mesmo em meio a tantas adversidades em relação ao período gestacional e ao nascimento de Jesus, Deus sempre daria a saída perfeita.
MARIA FOI UM EXEMPLO DE CRISTÃ
O termo ‘cristão’ só iria acontecer muito tempo depois de Jesus, mas, certamente a idéia aqui não é de um cristianismo instituciolanizado como hoje se vê, mas, um cristianismo puro, verdadeiro, essencial. Aquele cristianismo que diz respeito ao seguir a Jesus, observando seu exemplo e obedecendo a seus ensinamentos.
Maria, assim como João Batista foi humilde e soube reconhecer o seu lugar e a supremacia de Jesus.
Assim, não entendemos porque os católicos insistem tanto em dar a Maria um papel e um lugar que ela nunca quis ocupar e nunca reivindicou para si.
Em Caná da Galiléia (Jo 2.1-11) Maria conversa com os serviçais e, diante da falta do vinho ela orienta: “Façam tudo o que ele vos mandar.” (v.5)
Maria reconheceu que a voz de Jesus é que deveria ser ouvida e nunca a sua. O verdadeiro cristão é aquele que segue a Cristo, ouve a sua voz e obedece a seus mandamentos e Maria certamente entendia isso claramente.
De fato Jesus era seu filho, mas também era o seu Senhor.
Hoje vemos que muitos cristãos não obedecem às ordens do Senhor Jesus e por isso perdem a oportunidade de desfrutar de seu poder maravilhoso.
Maria amou e serviu a Jesus até o trágico final de sua vida, quando chorou ao pé da cruz e foi ali consolada pelo então discípulo João.
Certamente, conforme Lucas 24, Jesus reapareceu a Maria, agora ressurreto, para lhe trazer esperança e alegria.
CONCLUSÃO
Para concluir, guardemos em nossos corações o Cântico de Maria (conhecido como Magnificat), que revela a autêntica demonstração de alguém que reconheceu a grandeza de Deus que lhe foi manifestada através da gloriosa honra de pode conceber em seu ventre ninguém menos que o Filho de Deus!
“Então disse Maria: ‘Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, pois atentou para a humildade da sua serva. De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, pois o Poderoso fez grandes coisas em meu favor; santo é o seu nome. A sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração. Ele realizou poderosos feitos com seu braço; dispersou os que são soberbos no mais íntimo do coração. Derrubou governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes. Encheu de coisas boas os famintos, mas despediu de mãos vazias os ricos. Ajudou a seu servo Israel, lembrando-se da sua misericórdia para com Abraão e seus descendentes para sempre, como dissera aos nossos antepassados’.” (Lucas 1.46-55)
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