SIMEÃO, UM CÂNTICO DE SALVAÇÃO
Lucas 2.21-40
INTRODUÇÃO
O costume de se apresentar crianças no templo é antigo. Ele vem desde os tempos do Velho Testamento. Tanto para eles como para nós hoje, a apresentação de nossos filhos no templo tem o significado de consagração de suas vidas e de seu futuro a Deus.
A história inicia mostrando no v.21 que Jesus foi circuncidado ao oitavo dia assim como Deus havia determinado a Abrão quando do nascimento de seu primeiro filho Ismael, em sinal da aliança que seria firmada com o povo escolhido (Gn 17.12). Jesus assim o fez e Paulo confirma esse ato em Gl 4.4,5 que Ele nasceu “sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei” e assim se sujeitou às exigências da lei. Porém, a enfase do versículo não é a circuncisão, mas, a confirmação do nome dado por determinação do anjo: “Jesus”.
Nos vs.22-24 aparecem duas cerimônias: a apresentação do menino e a purificação da mãe. Embora Lucas não mencione, segundo a lei de Moisés, certamente cinco ciclos foram pagos para redimir o primogênito Jesus quando de sua apresentação no templo (Nm 18.15-16). Quanto a purificação de Maria, segundo a lei, depois do nascimento de um filho uma mulher ficaria impura por sete dias até a cincuncisão do menino, e que, por mais trinta e três dias, deveria manter-se afastada de todas as coisas sagradas. Caso fosse uma filha, a mãe deveria ficar afastada pelo dobro do tempo. Nessa ocasião ofereceria uma sacrifício de um cordeiro ou uma pomba, dependendo da condição financeira familiar (Lv 12). O v.24 mostra que a oferta de Maria foi a oferta de uma pessoa pobre.
É nesse ponto da história que surge Simeão.
O texto bíblico não diz quem é esse homem. Se era um sacerdote ou um cidadão importante. As únicas referências pessoais que temos dele são aquelas contidas no v.25.
O texto diz que Simeão morava em Jerusalém e que era justo e piedoso. Isso mostra que era um homem cuidadoso no que concerne as coisas religiosas.
O texto também diz que ele esperava a consolação de Israel. Diante da opressão dos romanos, homens de fé olhavam mais ansiosamente para o Libertador de Israel.
Finalmente o texto diz que o Espírito Santo estava sobre ele. Se o texto está dizendo que estava constantemente sobre ele, trata-se de uma raridade, já que ainda se vivia a antiga dispensação onde o Espirito Santo habitava temporariamente nas pessoas.
O v.26 diz que o mesmo Espírito de Deus, com quem vivia em comunhão (Eugene H. Peterson) havia lhe revelado em algum momento e de alguma forma que ele não morreria sem antes ver o Cristo do Senhor e o mesmo Espírito o compele a ir ao templo no exato instante em que José, Maria e o menino Jesus lá estão para o cumprimento dos procedimentos da lei.
O CÂNTICO DE SIMEÃO
É, portanto, nesse contexto que no v.28 Simeão toma o bebê Jesus em seus braços e canta um cântico de louvor a Deus, declarando que:
A paz estava sendo renovada pela esperança do nascimento de Jesus (vs.29,30)
Agora ele até poderia morrer em paz porque a esperança de Israel já estava diante dos seus olhos. A esperança nas coisas de Deus é eterna e sublime, ultrapassa as barrreiras de vida ou morte. A morte aqui tem significado não de fim, mas, de libertação, como um livramento de uma longa tarefa.
Jesus é a salvação para todos os povos (vs. 31-32)
O texto é claro ao mostrar que a salvação em Jesus não é para uma só nação individualmente, mas, sim, para todas elas. Isto significa transposição de barreiras culturais, sociais, políticas e econômicas em todos os seus âmbitos. Jesus não seria somente o rei de Israel, mas o rei das nações, com dito em Apocalipse 15.
A missão salvadora de Jesus parte de seu povo e se estende até os confins da terra (v.32)
Israel veria a glória no seu sentido mais claro quando visse o filho de Deus em meio aos homens, mas a luz de Cristo irradiaria para todos os povos (gentios), a partir da igreja. Certamente o cântico de Simeão é, acima de tudo, uma revelação missionária!
A PROFECIA DE SIMEÃO
O v.33 diz que José e Maria ficaram admirados com o que fora dito por Simeão através de uma canção a respeito de Jesus. Não era pra menos. Tudo confirmava sua missão terrena.
Mas, nem tudo são flores.
O que se segue na profecia de Simeão demonstra que a salvação seria comprada a um preço alto e isso é revelado de forma sombria.
Na verdade, Simeão prediz uma benção aos pais de Jesus e, através de palavras enigmáticas, ele profetiza:
A salvação
(“...este menino está destinado a causar a queda e o soerguimento de muitos em Israel...“ v.34b). É necessário que os homens percam seu orgulho e aceitem a Jesus humildemente. Sem reconhecimento de culpa, não há perdão.
A renúncia
(“...e a ser um sinal de contradição, de modo que o pensamento de muitos corações será revelado...” vs.34c,35a). Isto aponta a ação de Deus. Contradição é ir contra a tradição. É, portanto, mudança de rumo e direção. É deixar pra trás rituais vazios e entregar-se a uma nova vida, sem reservas, porque Deus sondará os corações e revelará suas reais motivações.
A dor
(“Quanto a você, uma espada atravessará a sua alma.” v.35b). Essa espada que atravessaria a alma de Maria seria a morte de Jesus. As palavras finais de Simeão apontam para a missão salvívica de Jesus através da morte dolorosa na cruz.
AS AÇÕES DE GRAÇA DA PROFETISA ANA
Agora Lucas trata nos vs.36-38 sobre uma profetisa de nome Ana da qual o texto diz que fazia parte dos remanescentes da tribo de Aser que teria sido casada por 7 anos e permaceu viúva até a idade de 84 anos. O texto diz ainda que ela nunca deixava o templo, adorava a Deus jejuando e orando dia e noite.
O que o texto quer nos mostrar (v.38) é que a presença dessa mulher temente e piedosa é um testemunho até mesmo precoce do ministério terreno de Jesus na medida em que ela deu graças a Deus e passou a anunciar a todos os que esperavam a redenção de Israel sobre o menino nascido.
Ana confirma em seu louvor tudo aquilo que Simeão havia dito aos pais de Jesus. A confirmação dos propósitos divinos é algo essencial para o êxito de uma missão espiritual para qual somos todos chamados. Deus tem confirmado a obra de Suas mãos em sua vida?
CONCEITOS PARA O NOSSO VIVER
A singela menção por Lucas desses dois personagens do natal de Jesus, mostram características de suas vidas que podem nos dar alguns conceitos preciosos para o viver:
Precisamos ter fé nas promessas de Deus para nossos dias.
Simeão era um homem de fé. O texto diz que ele aguardava com ansiedade a libertação de Israel. Ansiedade aqui não tem a ver com impaciência, mas com esperança e segurança. Nós temos tido fé suficiente para aguardar o cumprimento das promessas de Deus em nosso tempo?
Precisamos ter uma vida religiosa justa e piedosa.
Simeão era um homem justo e piedoso. Isso mostra que era um homem cuidadoso no que concerne as coisas religiosas. Você tem sido preocupado com sua vida religiosa? Sabemos que é Jesus quem salva, mas, sabemos também que a nossa religião nos mantêm ligado a Ele através do aprendizado e do serviço cristão. Você tem tido uma vida justa e piedosa buscando praticar as coisas concernentes ao evangelho do reino de Deus em primeiro lugar através de uma religiosidade sincera?
Precisamos lembrar que somos templos do Espírito Santo.
Simeão tinha o Espírito Santo sobre ele. Naquele tempo o Espírito Santo não habitava nos homens, mas, possivelmente Simeão foi um caso raro de habitação. Hoje somos templo do Espirito Santo, pois, Ele habita dentro de nós. A pergunta que se faz é: Temos nos lembrado todos os dias que nossos corpos são habitação, ou seja, o templo do Espírito Santo de Deus e temos dado mostras disso?
Precisamos viver uma vida de constante devoção ao Senhor.
Ana nunca deixava o templo, adorava a Deus jejuando e orando dia e noite. Isso implica em devoção. Será que temos ido às reuniões da igreja frequentemente, colocado as coisas do Reino de Deus em primeiro lugar nas nossas vidas e suplicado ao Senhor com toda devoção, inclusive com jejum e oração?
Precisamos anunciar ao mundo a maravilha do nascimento de Jesus.
Ana testemunhou do menino Jesus com alegria para todos os que esperavam a redenção de Israel. Hoje o mundo clama por salvação e nós temos a palavra de esperança. Que neste natal façamos como Ana que anunciou a todos sobre a maravilha do nascimento de Jesus.
CONCLUSÃO
O texto termina nos vs.39,40 mostrando que José e Maria cumpriram o costume de seu povo conforme as profecias e por esta criação bendita e pela atuação de Deus, Jesus crescia e a graça de Deus estava sobre ele:
“Depois de terem feito tudo o que era exigido pela Lei do Senhor, voltaram para sua própria cidade, Nazaré, na Galiléia. O menino crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele”. (Lc 2.39,40)
E nós, será que estamos quites diante de de Deus e dos homens?
Estudo maravilhoso.
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