sábado, 24 de dezembro de 2011

JOÃO BATISTA, UMA VOZ PROFÉTICA NO DESERTO

JOÃO BATISTA – UMA VOZ PROFÉTICA NO DESERTO

Mateus 3.1-12

Introdução

João é o profeta da transição do Antigo para o Novo Testamento. A sua representatividade é manifesta na aparência de Elias por suas roupas, modo de vida e sua mensagem de juízo.
Embora nenhuma voz profética tivesse sido ouvida por séculos, os fiéis continuavam esperando que Deus cumprisse suas promessas. Eles criam que um profeta surgiria nos últimos dias, preparando o dia do Senhor. Ele seria um fiel emissário de Deus na mesma linha, e com a mesma mensagem dos profetas da história de Israel. Essa esperança é alimentada pelas palavras de Deus em Malaquias 4.5: “Eu enviarei à vocês o profeta Elias antes do grande e temível dia do Senhor”. A profecia é duplo alcance, ou seja, trata de julgamento e salvação. Esse profeta anunciaria o cumprimento das antigas profecias.
Os quatro evangelhos mencionam o ministério de João Batista com algumas diferenciações, mas, com o mesmo conteúdo enfático de sua mensagem predita em Isaías 40.
O arauto anuncia através de sua mensagem Aquele que seria o consolo ao sofrimento de Israel: “Consolem, consolem o meu povo, diz o Deus de vocês” (Is 40.1).
Mas afinal, qual é o centro da mensagem de João?
Sua mensagem é dirigida à toda a nação como preparação para a vinda do Senhor e vincula três aspectos inseparáveis: Arrependimento, Confissão e Batismo.

Arrependimento
(Uma nova atitude de coração e mente).

O ensino do arrependimento tem uma farta sustentação bíblica. A Lei e os profetas do Antigo Testamento pregaram o arrependimento de forma insistente. No Novo Testamento o arrependimento está ligado à conversão e a aceitação do senhorio de Cristo em nossas vidas.
Arrependimento é uma mudança radical de atitude que partem do coração e da mente. É transformação. Começa de dentro para fora.
Ezequiel fala de uma restauração a Israel que era resultado de um coração arrependido: “Darei a eles um coração não dividido e porei um novo espírito dentro deles; retirarei deles o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Então agirão segundo os meus decretos e serão cuidadosos em obedecer as minhas leis. Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus.” (Ez 11.19,20).
“Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo” (Mt 3.2). Essa era a mensagem de João Batista. Não haveria mais tempo para que perdurasse a incredulidade do povo. Era necessário que eles se arrependessem com urgência, pois era chegado o Reino dos céus.
João é um último aviso de Deus para os dias da restauração tão pregados pelos profetas do Antigo Testamento. Embora a mensagem do profeta neotestamentário fosse dura em todo seu conteúdo, estava estampada nela a graça misericordiosa de Deus através de mais uma chance de arrependimento para a nação judaica.

Confissão
(Uma demonstração audível do arrependimento)

O arrependimento precede a confissão. O próprio Jesus disse: “Quem, pois, me confessar diante dos homens, eu também o confessarei diante do meu Pai que está nos céus” (Mt 10.32).
A confissão é algo tão importante que atesta a nossa salvação em Cristo, como nos diz o apóstolo Paulo: “Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo” (Rm 10.9).
A mensagem não mudou. Desde o Antigo Testamento Deus sempre quis do seu povo o reconhecimento de seus pecados que seriam externados primeiramente através da confissão.
Deus sempre abençoava os israelitas todas as vezes que reconheciam que haviam cometido pecado contra o Senhor e confessando diziam – “pecamos contra o Senhor!”.
No Evangelho de Lucas, João Batista adverte aos que o ouvem: “Dêem frutos que mostrem o arrependimento” (Lc 3.8).
É por isso que no v.9 o mesmo Lucas diz: “O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo”. Somos provados por nossas palavras e por nossas ações.
A confissão de arrependimento deve ser demonstrada através de ações. A sequencia do texto nos prova isso: “’O que devemos fazer então?’ perguntavam as multidões. João respondia: ‘Quem tem duas túnicas reparta-as com quem não tem nenhuma; e quem tem comida faça o mesmo’. Alguns publicanos também vieram para serem batizados. Eles perguntaram: ‘Mestre, o que devemos fazer?’ Ele respondeu: ‘Não cobrem nada além do que lhes foi estipulado’. Então alguns soldados lhe perguntaram: ‘E nós, o que devemos fazer?’ Ele respondeu: ‘Não pratiquem extorsão nem acusem ninguém falsamente; contentem-se com o seu salário’.” (Lc 3.10-14)
A confissão só é genuína quando comprovada através dos atos que se seguirem após ela.
É por isso que João Batista chama aquela geração de “raça de víboras”. Porque estavam acostumados a uma religiosidade falsa e superficial onde as palavras tinham mais valor do que as ações.
Na mensagem agora pregada é deflagrada a injustiça do povo em todas as esferas e as pessoas são chamadas a um nível de arrependimento muito superior ao que se imaginava.
É assim que se estabelece o Reino de Deus entre os homens. Essa seria a mensagem do Messias.

Batismo
(Uma representação visível do arrependimento)

Mateus menciona que todas as pessoas que vinham a João de Jerusalém, de toda Judéia e de toda região ao redor do Jordão, confessando seus pecados, eram batizadas por ele no rio Jordão (Mt 3.6).
Chamando os judeus, como indivíduos e como nação, para se voltarem a Deus, João prega imersão (baptizon) como uma expressão do arrependimento.
Assim como a mensagem de João prepara o caminho para a salvação prometida, o perdão que ele prega prepara o caminho para o perdão completo, disponível exclusivamente por meio de Jesus Cristo. Ainda assim, não é o ritual do batismo que traz o perdão.
O batismo é, na realidade, a expressão do arrependimento que resulta no perdão de pecados.
Haveria a necessidade de um novo nascimento. Isso Jesus ainda nem havia dito. Sua missão ainda estava por iniciar. Mas, a idéia de renovação de vida já estava sendo concebida.
“Não pensem que vocês podem dizer a si mesmos: Abraão é nosso pai. Pois eu lhes digo que destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão”. (Mt 3.9).
Aqueles ouvintes de João, ainda que fariseus, publicanos entre a gente comum precisavam compreender que arrependimento simplesmente verbal não teria nenhum valor.
O v.9 acima demonstra que seria presunção demais acreditarem que somente por ser descendência de Abraão, povo escolhido, já estariam imunes a necessidade de arrependimento.
Deus poderia, se quisesse, formar uma nova geração sem nenhum ancestral físico que fosse, entretanto, mais adequados à recepção de Sua graça do que os indignos filhos de Abraão.
João termina sua mensagem profética em Mateus 3.11,12 mostrando o conceito radical do reino de Deus que o Messias traria ao mundo. Primeiro batismo no Espírito Santo (outorga de poder); depois, o batismo com fogo (dor, sacrifício renúncia e tribulação): “Eu os batizo com água para arrependimento. Mas depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar as suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá em sua mão e limpará sua eira, juntando seu trigo no celeiro, mas queimará a palha como fogo que nunca se apaga”.

Conclusão

João Batista foi a voz profética que clamava no deserto. Talvez a idéia de deserto seja solidão, distância de tudo e de todos.
E nós, temos sido a voz profética do nosso tempo? Temos pregado o evangelho do arrependimento e conduzido pessoas ao discipulado e ao ensino da Palavra? Temos sido arautos assim como foi João Batista?
A grande comissão dada por Cristo no final do Evangelho é moldada desde antes da missão estabelecida: Pregar, batizar, discipular.
Que neste natal, possamos nos apropriar do seu verdadeiro sentido e encaminhar as pessoas ao arrependimento, à confissão e à conversão ao Jesus do natal.

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