sábado, 24 de dezembro de 2011

JOSÉ, O ILUSTRE ESQUECIDO

JOSÉ, O ILUSTRE ESQUECIDO

Mateus 1.18-25

INTRODUÇÃO

Sir Nicholas Winton é um britânico que organizou o resgate de cerca de 670 crianças judias na antiga Tchecoslováquia, salvando-as da morte certa nos campos de concentração nazistas. Não recebeu o título de justo entre as nações por ter descendência judaica. Quando questionado a esse respeito disse: “Minha atitude não teve nada de extraordinário, fiz isso para salvar crianças e não para receber prêmios”. Um herói quase anônimo, portanto.
O personagem do natal desta mensagem é alguém de extrema importância na história bíblica, no entanto quase anônimo ou esquecido, assim como Sir Nicholas Winton. Fala-se muito sobre Maria, mas não sobre José. Temos músicas que fazem referência a própria Maria e a tantos outros personagens bíblicos; mas nenhuma sobre José. Entretanto, mesmo com tão pouca referência bíblica, José se demonstra como um personagem notável. Vejamos quem era José e porque é um personagem importante na história do Natal.

QUEM FOI JOSÉ?

Descendente de Davi e Abraão
Provavelmente ele foi o escolhido e não Maria, pois Jesus deveria ser o descendente de Davi. Jesus tinha, portanto, que ser filho de José. É evidente que Maria teve seus méritos. Serva do Senhor; achou graça diante dele. Assim, Jesus nasceu na família certa. Um pai fiel e justo e uma mãe temente a Deus.
Será que nossos filhos nasceram na família certa? Eles podem dizer que somos pais fiéis e justos e mães tementes a Deus? Servimos realmente como exemplo para eles?
Era judeu nascido em Belém
De acordo com alguns teólogos e historiadores, José tinha entre 18 e 20 anos quando todas essas coisas aconteceram. Sempre imaginamos José um homem mais velho, como no quadro do pintor Guido Reni (Bolonha, Itália – 04/11/1575 à 08/08/1642), mas ao que tudo indica essa não era a verdade em relação ao pai de Jesus.

Marido de Maria e pai de Jesus
Não marido de Maria, mãe de Jesus. Ele era pai, um pai adotivo. A bíblia reconhece essa paternidade, pois apresenta Jesus como filho de Davi, que era descendente de José.
Ele era acima de tudo, um pai presente. Observemos que na história do nascimento de Jesus, era com José que os anjos falavam, dizendo para onde deveriam ir e quando deveriam voltar.

Era carpinteiro
Ofício que posteriormente ensinaria ao filho Jesus. É interessante pensar que Jesus tenha aprendido humildemente a exercer essa função. Você pode imaginar Jesus recebendo pedidos e reclamações, freqüentando casas de clientes para montagem de móveis, recebendo humilde e silenciosamente as orientações técnicas de seu pai? Que visão extraordinária seria poder presenciar isso!

Sua última aparição na bíblia foi em Lucas 2.48
O texto mostra que José estava aflito a procurava de Jesus. Não se sabe o que aconteceu a José depois disso. Alguns dizem que Maria teria ficado viúva (na crucificação, Jesus pede para seu discípulo João tomar conta de sua mãe).

Esse era José. O que ele fez? Quais atitudes de José revelam sua importância na história do nascimento de Jesus? Vejamos:

JOSÉ FOI JUSTO (vs.20-21)

Maria estava desposada com José, uma espécie de noivado mais sério. O ritual se resumia numa cerimônia em que se comprometiam ao casamento e, após um ano, passavam a residir juntos e ter relações sexuais. O compromisso era tão serio que se terminassem nesse período precisavam divorciar-se.
Entretanto, foi nesse intervalo que Maria ficou grávida. Que situação, tanto a de Maria quanto a de José! Traído antes do casamento, antes que ele fosse o primeiro (talvez tenha pensado num primeiro momento).
É a partir daí que os predicados de José começam a despontar. A bíblia diz que como ele era Justo não quis difamar a Maria. José não queria acabar com a reputação dela, deixá-la com má fama. A lei mandava apedrejar uma mulher que fosse pega em adultério.
O que aconteceu com a mulher adúltera? “A lei manda que a apedrejemos” – disseram aqueles que buscavam pegar Jesus em alguma falha.
A pergunta que fica é: Será que José não seria prejudicado pela sua decisão? As atitudes de José demonstram que tipo de homem ele era, ou seja, a escolha sempre acertada de Deus.
José decidiu ir embora secretamente para não difamá-la. Mas, se ele fizesse isso a má fama poderia recair sobre ele! Como alguém pode engravidar uma mulher nesse período e ir embora? Havia prometido casar-se com ela, usou-a e abandonou-a?
Certamente que não! José preferiu levar sobre si a má fama que Maria receberia, porque era homem justo! Haveria homem mais qualificado para ser o pai de Jesus?
Imaginemos a trindade conversando sobre quem seria o pai de Jesus: “Precisa ser um homem que quando ficar sabendo que a sua futura esposa está grávida não saia por aí fazendo escândalo, querendo apedrejar, arrastando-a a tribunais. Precisa ser um homem justo, que nos tema, e que também esteja ardentemente aguardando a redenção de Israel.”
José não estaria sendo injusto se apelasse para a Lei e levasse Maria ao tribunal. Estaria exercendo seus plenos direitos do ponto de vida humano. Entretanto, José não era justo por causa da justiça humana, mas era justo para Deus!
A justiça humana diz: ‘Procure seus direitos para exigir do próximo’. A justiça divina diz: ‘Abra mão dos seus direitos por amor ao próximo’.
O Dicionário da Bíblia de Almeida traz a seguinte definição para a palavra justo: “A pessoa que está corretamente relacionada com Deus pela fé e, por isso, procura nos seus pensamentos, motivos e ações obedecer àquilo que Deus, em sua Palavra, estabelece como modelo de vida”.
Esse era José! Se não tivesse essa característica, se não fosse justo, provavelmente não teria o privilégio de ser um personagem tão importante para o Natal!
Com certeza não era fácil para José ser justo segundo Deus, numa sociedade como aquela. Ele nasceu num contexto machista, duro de coração, que não perdoava o pecado do sexo fora ou antes do casamento consumado. O v.20 mostra que ele ficou pensando a respeito disso. Provavelmente não conseguia dormir refletindo nisso: “Como ela pôde fazer isso comigo? Quem será o pai dessa criança? Há quanto tempo venho sendo traído?” Perguntas estas normais a qualquer cidadão de bem.
Quando então José pega no sono, Deus lhe revela toda Sua gloriosa ação: "José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados". Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: ‘A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe chamarão Emanuel’ que significa ‘Deus conosco’."( vs.20-23)

JOSÉ FOI OBEDIENTE (vs.24,25)

O texto diz que José ouviu as instruções de Deus num sonho. Mas, quando acordou precisou seguir as instruções. É o que devemos sempre fazer.
Isso me faz lembrar duas situações: A primeira de Pedro, quando teve uma visão de Moisés e Elias juntos à Jesus, e queria fazer três tendas para ali ficar para sempre. “Bom é estarmos aqui”. Porém, essa nunca foi a proposta de Jesus. Eles precisavam voltar ao dia a dia e praticar o que estavam aprendendo. A segunda, quando Jesus foi elevado ao céu e os discípulos ficaram olhando pra cima. De repente surgiram anjos que disseram: “Porque vocês estão parados olhando? Ele vai voltar, ide!” Seria bom ficar parado olhando, curtindo o momento, mas era preciso ir.
Da mesma forma, José não poderia ficar sonhando, por isso ao acordar fez o que tinha que ser feito. Muitas vezes o culto é como o monte da transfiguração, é como ver Jesus subindo aos céus, enfim, é como o sonho de José. Recebemos instruções, ouvimos a Deus, até curtimos o momento. Dizemos como Pedro: “É bom que estejamos aqui”. Mas, é preciso se voltar para as coisas da vida e nelas praticar o que aprendemos. É preciso descer do monte, é preciso parar de olhar pra cima. É preciso obedecer!
I Samuel 15.22 diz: "Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros”.
É triste ver pessoas que ouvem, cultuam, mas não obedecem, enfim, não mudam suas vidas! Pessoas que vivem no mundo da imaginação, dos sonhos, da contemplação, mas não acordam para obedecer a Deus no dia a dia!
Um pastor que conheci disse certa vez: “Você quer saber a vontade de Deus para sua vida? Comece obedecendo ao que já sabe! Ou seja, acorde, pratique pelo menos o que já aprendeu, obedeça!”
José acordou, levantou e foi obedecer. Certamente não foi fácil para ele fazer isso, mas ele o fez! Acreditou em Deus e agiu!
Agora você poderia até dizer: Mas Deus falou com ele e explicou o mal entendido. Poderia ser difícil antes de saber, mas depois que Deus explicou o que estava acontecendo tudo ficou mais fácil!
Porém, eu pergunto: Quantas vezes Deus já falou com você e você continua desobediente? Quantas pregações sobre fidelidade você já ouviu e ainda assim continua sendo infiel? Quantas vezes falou-se sobre a importância da comunhão e você continua magoado com seu irmão? Quantas vezes você já ouviu sobre a importância da freqüência aos cultos e você continua ausente? Quantas vezes foi doutrinado sobre evangelismo, missões, discipulado, etc; e você continua inerte?
Assim, eu torno a perguntar: Será que é mais fácil obedecer depois de ouvir a Deus? Se é, porque então, continuamos insubmissos e não obedecemos nossos pais? Porque somos infiéis na obra e no serviço cristão? Porque ainda somos desobedientes?
Foi difícil para José ser obediente naquele contexto, mas ainda assim ele obedeceu! Eu sei que é difícil pra você ser obediente a Deus no nosso contexto também. Eu sei, homens, que é difícil ser obediente numa cultura que diz que você é avaliado pelo que você tem. Eu sei, mulheres, que é difícil ser obediente numa cultura que, com a desculpa de igualdade, exige de vocês responsabilidades e mais responsabilidades. Eu sei, jovens e adolescentes, que é difícil ser obediente numa cultura onde quem não faz sexo, não fica, não bebe, não freqüenta baladas, tá por fora.
Entretanto, se Deus falou com você acorde e obedeça! José acordou e recebeu Maria como sua esposa porque era obediente. Foi um passo difícil a ser dado, porém, nove meses mais tarde, recebeu a recompensa de embalar em seus braços o Salvador do mundo!

CONCLUSÃO

O natal nos ensina sobre José que foi justo e obediente, por isso teve o privilégio de ser o pai de Jesus.
Assim como Sir Nicholas Winton, se perguntássemos a José se ele não se incomodou com seu anonimato tenho certeza que responderia: “Não fiz nada de extraordinário, fiz isso pelo meu Deus e não pela fama!”
Se você quer um natal de verdade se preocupe mais com a justiça do que com as festas. Se quiser um natal de verdade se preocupe mais em obedecer do que com os presentes. Se quiser um natal de verdade procure ser fiel a Deus e agir de maneira que glorifique ao Cristo nascido em Belém!

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