Joel 1.1-12
INTRODUÇÃO
Quase nada se sabe acerca do
profeta Joel. A bíblia não nos traz detalhes de sua vida pessoal, a não ser de
que era filho de Petuel que também é um desconhecido. Não se sabe sequer a
época em que viveu, embora é provável que tenha sido um dos primeiros profetas.
Pelas freqüentes menções de Judá e Jerusalém, possivelmente foi um profeta do
Reino do Sul.
O tema central de seu livro
é o castigo divino representado pelo Dia do Senhor. Primeiro há um juízo sobre
o povo escolhido, imposto por meio de uma praga de gafanhotos. Esse é retirado
por meio de jejum e oração. Depois vem a descrição do terrível dia do juízo
final, que atinge todas as nações. Os fiéis serão premiados e os malfeitores
castigados.
O cumprimento de uma das
predições de Joel no dia de pentecostes deu ao seu livro um lugar muito importante
no pensamento cristão.
O início do livro é um
chamado ao arrependimento. Arrepender-se é voltar atrás, retornar. Ainda que se
esteja distante. Entretanto, isso nem sempre isso é compreendido facilmente e,
por esta razão, muitas vezes, é preciso que Deus alerte de maneira severa. Como
fez com Israel quando foi devastada por uma praga de gafanhotos.
Quando se está longe de
Deus, essa distância produz mais do que um afastamento geográfico. Produz
esquecimento, relaxamento, perda da referência. É por isso que os afastados
afundam e sofrem ainda mais. Vejamos algo sobre esses sinais da distância e
como eles podem representar um chamado ao arrependimento.
CASTIGO SOBRE CASTIGO
O texto fala de uma praga de
quatro espécies de gafanhotos: O cortador, o migrador, o devorador e o
destruidor. (v.4). Não se sabe exatamente o sentido dessas palavras. Alguns
defendem que seriam os reinos que dominariam e subjugariam Israel: a Assíria, a
Babilônia, a Grécia e finalmente Roma. Isso pode estar ligado ao que lemos nos
vs.6-7. Outros afirmam que o ataque foi tão feroz que gafanhotos de espécies
diferentes atacaram as plantações de forma simultânea e devastadora, a ponto de
destruir o trigo e secar as parreiras. Seja qual for a interpretação
apropriada, nesse ataque de insetos Joel compreende que Deus estava operando.
Não se trata de um Deus
cruel. Trata-se de escolhas que são feitas e que consequentemente geram punição.
Muitas vezes as pessoas colocam sobre Deus ou sobre o Diabo os erros e os
pecados que cometem. Na verdade, elas podem estar equivocadas! É preciso olhar
para trás e ver onde efetivamente erramos.
A bíblia ensina que um
abismo chama outro abismo, ou seja, um castigo traz outro castigo. É preciso
estar atento aos sinais de Deus em meio às disciplinas que recebemos por nossos
pecados.
Isaías 59.2, diz: “Mas as suas maldades separaram vocês do seu
Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os
ouvirá.”
Assim como os pecados de
Israel deveriam produzir neles atos de arrependimento como jejum, humilhação e
intercessão, o mesmo deve acontecer conosco nos dias de hoje. É tempo de
lamentar pelo pecado e de agir contra o pecado. Será que temos lamentado sobre
nossos pecados? Como tem sido nossa atitude de arrependimento diante do Senhor
por nossas faltas? Não basta apenas dizer: “Senhor, me perdoe!” É preciso que
digamos: “Senhor, eu vou mudar!”
PERDA DA MORAL
O v.5 chama atenção dos
bêbados. Esse é o único pecado nominal apontado no texto. As parreiras haviam
sido destruídas pelos gafanhotos então não haveria mais vinho. A idéia é de que
o pecado moral do povo havia lhes tirado completamente a percepção da santidade
do Senhor.
Como cristãos devemos estar
atentos para que os prazeres e os enganos do mundo não entrem na vida da igreja
e nos façam perder o senso da moralidade e assim nos distanciarmos do nosso
Deus.
Essa perda de referência faz
as pessoas se tornarem mais amantes do mundo do que de Deus; dando mais valor
as coisas materiais do que as espirituais.
Paulo alertou sobre isso a
Timóteo: “Saiba disto:
nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas,
avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais,
ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem
domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos,
mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade,
mas negando o seu poder. Afaste-se também destes.” (II Tm 3.1-5)
PERDA DO PRAZER
O v.8 trata das relações que
envolvem toda a comunidade israelita, pois no original a palavra “pranteiem”
está no feminino. Joel usa a figura do matrimônio para exemplificar a perda do
prazer. Em Israel quando uma mulher estava prometida em casamento a um homem,
ele era chamado seu marido e ela sua mulher; embora ela ainda fosse virgem.
Esse versículo, portanto, se refere à idéia do homem que morreu antes de
contrair o matrimônio.
Outro claro sinal do
distanciamento de Deus é a perda do prazer em servi-lo. Aquilo que inflamava no
coração, o desejo de ser útil, de adorar, de render louvores; vai sendo perdido
e deixado de lado. É como um casamento tão esperado, mas que nunca aconteceu.
Davi, ao passar por uma
crise espiritual orou ao Senhor através de um salmo dizendo: “Devolve-me a alegria da tua salvação e
sustenta-me com um espírito pronto a obedecer.” (Sl 51.12)
FIM DA ENTREGA
Nos v.9,10 o lamento é pela
absoluta falta da oferta de cereal (trigo) e a oferta derramada (que era uma
libação de vinho) e que faziam parte do holocausto diário do povo de Israel. Os
gafanhotos nada deixaram que pudesse ser oferecido como sacrifícios.
Para Josefo, a ausência dos
sacrifícios diários foi a calamidade mais terrível e sem precedentes do cerco
de Jerusalém. Se a profecia estiver relacionada, isso pode ilustrar quão grande
foi o sofrimento espiritual do povo também nesta praga de gafanhotos. A
adoração pública de Deus foi interrompida por causa da falta do que ofertar.
O castigo gerou a perda da
moral, gerou a perda do prazer e consequentemente o fim da entrega. A distância
de Deus provoca ausência do que ofertar. Se no coração não há mais canções de
louvor, que adoração poderá ser prestada? Se nossas atitudes estão longe de ser
aquilo que agrada o coração de Deus, que testemunho teremos para levar outras
pessoas a Cristo? Enfim, se a vida não está nas mãos de Deus, o que se pode entregar?
Legislando sobre as ofertas,
Deus advertiu o povo durante a jornada pelo deserto: "Ninguém compareça perante mim de mãos vazias.” (Ex 34.20).
O que há em suas mãos para
oferecer ao Senhor?
CONCLUSÃO
Essas são os sinais que
surgem quando se está distante de Deus. Infelizmente não é pequeno o número de
pessoas que têm se distanciado de Deus e sofrido castigo sobre castigo por
causa de seus próprios atos pecaminosos; e Deus numa tentativa desesperadora de
resgate, apresenta-se em meio a essas circunstâncias oferecendo seus sinais
esperando uma volta, um arrependimento.
Quando um membro se afasta da
comunhão do corpo, consequentemente se afasta de Cristo e, ao ir para o mundo
sua alegria seca, o culto espiritual cessa e não poderá haver paz nem segurança
enquanto não ocorrer sincero arrependimento e retorno.
O livro de Joel é um chamado
ao arrependimento. Evidentemente o ministério deste profeta foi mais bem
sucedido do que o de muitos outros profetas, pois a condescendência de Deus
indica que em algum momento o povo se arrependeria e se renderia a esse chamado
de amor:
“Então o Senhor mostrou zelo por
sua terra e teve piedade do seu povo. O Senhor respondeu ao seu povo:
"Estou lhes enviando trigo, vinho novo e azeite, o suficiente para
satisfazê-los plenamente; nunca mais farei de vocês motivo de zombaria para as
nações. "Levarei o invasor que vem do norte para longe de vocês, empurrando-o
para uma terra seca e estéril, a vanguarda para o mar oriental e a retaguarda
para o mar ocidental. E a sua podridão subirá; o seu mau cheiro se
espalhará". Ele tem feito coisas grandiosas! Não tenha medo, ó terra;
regozije-se e alegre-se. O Senhor tem feito coisas grandiosas! Não tenham medo,
animais do campo, pois as pastagens estão ficando verdes. As árvores estão
dando os seus frutos; a figueira e a videira ficam carregadas. Ó povo de Sião,
alegre-se e regozije-se no Senhor, no seu Deus, pois ele lhe dá as chuvas de
outono, conforme a sua justiça. Ele lhe envia muitas chuvas, as de outono e as
de primavera, como antes fazia. As eiras ficarão cheias de trigo; os tonéis
transbordarão de vinho novo e de azeite. "Vou compensá-los pelos anos de
colheitas que os gafanhotos destruíram: o gafanhoto peregrino, o gafanhoto
devastador, o gafanhoto devorador e o gafanhoto cortador, o meu grande exército
que enviei contra vocês. Vocês comerão até ficarem satisfeitos, e louvarão o
nome do Senhor, o seu Deus, que fez maravilhas em favor de vocês; nunca mais o
meu povo será humilhado. Então vocês saberão que eu estou no meio de Israel. Eu
sou o Senhor, o seu Deus, e não há nenhum outro; nunca mais o meu povo será
humilhado.” (Joel 2.18-27)
Pr. Elias Manoel – 30/08/12
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