Obadias 1
Introdução
Obadias é o menor dos livros do AT
contendo apenas um capítulo. Trata sobre um profeta de nome comum que pregou a
uma nação estrangeira – Edom – gerada do mesmo sangue de Israel, pois era
descendência de Esaú, irmão de Jacó. Outros dois profetas pregaram o juízo
contra nações estrangeiras (Jonas e Naum, contra Nínive).
Como Israel sofreu cinco invasões dos
Edomitas, a data do livro é totalmente incerta. O nome do autor significa
“servo do Senhor” ou “adorador de Iavé”.
Na verdade, o livro mostra o juízo de
Deus contra Edom e ensina a Israel que apesar do juízo vir contra o povo
inimigo, Deus ensinaria seu povo a retribuir a maldade de Edom com justiça
generosa, não com vingança.
Esse livro trata de uma briga muito
antiga que nunca foi resolvida por quem nunca deveria ter permitido que ela
começasse. Ela está relacionada a erros cometidos no passado por uma família
muito especial na gênese da nação de Israel: Isaque, Rebeca, Esaú e Jacó.
Questões não resolvidas geram problemas por toda a
vida
Primeira lição: Nunca subestime os
pequenos problemas; eles podem tornar-se um grande mal.
Tudo começou lá atrás, cerca de 1.500
anos antes, dentro de um mesmo ventre. A bíblia relata que Jacó e Esaú eram
gêmeos que estavam sendo gerados no ventre de Rebeca. Eram filhos da promessa
que vieram depois de vinte anos de oração e espera. Entretanto, desde o ventre materno,
um queria dominar o outro e seus pais não souberam administrar corretamente o
relacionamento dos filhos (Gênesis 25.19-26).
Segunda lição: Nunca tente mudar ou
manipular os planos de Deus.
Em sua soberania, Deus já havia
determinado que o mais velho serviria o mais novo. A linhagem de Jesus passaria
por Jacó e não por Esaú. A escolha Divina nunca se baseia por méritos porque os
dois não eram nascidos quando Deus fez sua escolha. Veja o que Paulo escreveu
sobre isso: “E esse não foi o único caso;
também os filhos de Rebeca tiveram um mesmo pai, nosso pai Isaque. Todavia,
antes que os gêmeos nascessem ou fizessem qualquer coisa boa ou má — a fim de
que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, não por obras, mas por
aquele que chama — foi dito a ela: "O mais velho servirá ao mais
novo". Como está escrito: "Amei Jacó, mas rejeitei Esaú." (Romanos 9.10-13). A eleição Divina é baseada totalmente
na graça e não em merecimentos.
Isaque queria
abençoar a Esaú, embora certamente soubesse que Deus havia escolhido a Jacó.
Rebeca amava mais a Jacó e tentou dar um empurrãozinho no propósito de Deus,
como se Ele precisasse da sua interferência.
Esses erros
custaram muito caro à família. Jacó fugiu de casa para não ser morto pelo
irmão. Esaú alimentou um ódio mortal pelo irmão e passou a vida em sua procura
a fim de matá-lo. Rebeca nunca mais viu os filhos, chamou maldição à si mesma e
ainda morreu sem ver a reconciliação. Isaque envelheceu e morreu sem nunca mais
ver os filhos.
Sobre este
ódio que atravessou as eras, o Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho escreveu:
“Entre os dois irmãos surgiu uma animosidade que,
mesmo solucionada no nível pessoal, atravessou os séculos e se projetou na história,
no relacionamento entre seus descendentes. Um ensino que podemos tirar do
relacionamento turbulento entre esses dois povos é que o ódio se arraiga tão
profundamente que, mesmo desaparecidos os motivos que o ocasionaram, ele pode
continuar. O ódio é irracional e se alastra perigosamente. Se não for contido,
suas seqüelas podem ser perigosas.”
De Jacó, veio
Israel. De Esaú, veio Edom. Duas nações inimigas por toda a história bíblica. Diversas
vezes Israel foi afligida por Edom. O profeta Amós denunciou a falta de perdão
dos Edomitas: “Assim diz o SENHOR: ‘Por três
transgressões de Edom, e ainda mais por quatro, não anularei o castigo. Porque
com a espada perseguiu seu irmão, e reprimiu toda a compaixão, mutilando-o
furiosamente e perpetuando para sempre a sua ira, porei fogo em Temã, que
consumirá as fortalezas de Bozra’." (Amós 1.11-12).
A resposta de Deus ao ódio do homem
O ódio é uma semente destruidora. Quem
alimenta o ódio dentro de si, vive em constante sofrimento e amargura e não
pode caminhar numa vida de retidão porque seu objetivo é sempre semear o mal e
a discórdia entre as pessoas. Torna-se uma pessoa amarga, mal humorada e cheia
de veneno a desferir contra aqueles a quem considera como seus desafetos.
Qual é a resposta de Deus ao ódio do
homem? O livro de Obadias pode nos levar a essas respostas e nos ajudar a
vencer esse terrível mal e escapar das ciladas que Satanás nos prepara com o
objetivo de nos destruir:
Deus zela pelo povo de sua aliança
Israel estava sendo violentamente
atacado pelo poderoso exército da Babilônia e isso provocava a zombaria dos
Edomitas. Entretanto, o curso da história seria radicalmente alterado. Os que
estavam no topo cairiam e os que estavam por baixo seriam elevados rumo ao
topo. Deus tem zelo pelo povo da sua aliança. Judá seria restaurada à terra de
sua possessão, enquanto que Babilônia e Edom seriam apagados da terra (Ml
1.2-5).
A vitória não é dos fortes e nem dos
poderosos, mas daqueles que esperam no Senhor. Isaías 40.31, diz: “mas
aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam bem alto como
águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam.”
O orgulho
precede a ruína
Os Edomitas
habitavam o monte Seir, uma cordilheira de montanhas rochosas. Ali estava a sua
capital Selá e eles se vangloriavam de sua posição estratégica de ataque nas
alturas. Nunca haviam sido saqueados e assim se sentiam protegidos no meio de
uma fortaleza natural.
Mas Deus diz
por intermédio do profeta Obadias que, ainda que subissem tão alto como a águia
ou fizessem seu ninho entre as estrelas, Ele os derrubaria dali (v.4).
Hernandes Dias
Lopes diz que a soberba é a sala de espera do fracasso. A bíblia nunca apoiou
os altivos, os autosuficientes. O ódio cria uma barreia em nós, levando-nos a
uma falsa sensação de segurança em nossos sentimentos. Entretanto, o sábio
Salomão nos ensina que a soberba precede a ruína. Ele diz em Provérbios 16.18: “O orgulho vem antes da destruição; o
espírito altivo, antes da queda.”
Quem semeia
vento, colhe tempestade
Aqueles que
semeiam o mal colhem o mal. O mal que Edom fez a Judá caiu sobre a sua própria
cabeça. O próprio livro de Obadias traz toda a menção do juízo de Deus sobre os
Edomitas em vários versículos.
O apóstolo
Paulo nos ensina que querer fazer o mal e receber em troca o bem é o mesmo que
zombar de Deus, e de Deus ninguém zomba! “Não
se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também
colherá.” (Gálatas 6.7).
Aquele que se
humilha será exaltado
Os reinos do
mundo têm pés de barro. Um dia todos eles se tornarão pó. Foi assim no passado,
é assim no presente e será assim no futuro. Porém, o Reino de Deus se erguerá
invencível, vitorioso e eterno.
Edom caiu,
Babilônia caiu, o império medo-persa caiu, o império grego caiu, o império
romano caiu, outros impérios caíram e assim todos os demais impérios também
cairão, mas o Reino será do Senhor. Veja o que diz o último versículo de
Obadias: “Os vencedores subirão ao monte
Sião para governar a montanha de Esaú. E o reino será do SENHOR.” (v.21).
Jesus é o
nosso maior exemplo. Ele foi humilhado até a morte, e morte de cruz e por isso
recebeu um nome que está acima de todo nome no céu e na terra. Na visão de
Patmos, o apóstolo João escreveu: “O
sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve altas vozes no céu que diziam: ‘O
reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para
todo o sempre’.” (Apocalipse 11.15).
A maior arma
para vencermos o ódio, portanto, é a humilhação. Reconhecer que nada somos e
que Deus agirá em nosso favor. Você tem desejo de vingança nutrido pelo seu
ódio? Então medite na orientação do apóstolo Paulo ao seu coração: “Amados, nunca procurem vingar-se, mas
deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’,
diz o Senhor.” (Romanos 12.19).
Conclusão
O ódio e o
desejo de vingança são uma doença crônica que ataca o coração, a mente e a alma
das pessoas de todo o mundo. Não permita que isso mine seu coração a ponto de
tornar o caminho de volta cada vez mais longo e consequentemente desastroso.
Liberte-se já em nome de Jesus!
O ódio gerado
na família de Isaque atravessou gerações, culminando com os Idumeus,
descendência dos Edomitas que terminaram na geração dos Herodes que viveram a
partir dos dias de Jesus. Foram quatro Herodes: Herodes, o Grande, foi o que
mandou matar as crianças de Belém, com o propósito de eliminar o bebê Jesus.
Herodes Antipas foi o rei que mandou matar João Batista. Herodes Agripa I foi o
rei que mandou matar Tiago e Pedro e terminou devorado por vermes por não ter
dado glórias a Deus. Herodes Agripa II casou-se com sua própria irmã Berenice e
foi o homem que esteve diante de Paulo em Cesaréia e não aceitou render-se a
Cristo. Assim, os últimos descendentes de Esaú terminaram suas vidas de forma
trágica e ainda em oposição aos descendentes de Jacó.
Para concluir
guarde em seu coração o doce conselho do apóstolo Pedro: “Livrem-se,
pois, de toda maldade e de todo engano, hipocrisia, inveja e toda espécie de
maledicência. Como crianças recém-nascidas, desejem de coração o leite
espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação, agora que
provaram que o Senhor é bom.”
(I Pedro 2.1-3).
Pr. Elias Manoel –
01/11/2012
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