terça-feira, 5 de março de 2013

O CARÁTER E O PODER DE DEUS




Naum 1.1-8

Introdução

Algumas pessoas estão no centro do mundo. Proeminentes, ricos, poderosos, nações, impérios dividiram e dividem o palco num mundo onde armas e dinheiro são suas bandeiras.
Na verdade eles pensam que estão no centro do mundo. Fazem muito barulho e conseguem atrair a atenção e a admiração para si. Em qualquer tempo da história nações e líderes mundiais dominaram os noticiários.
O homem vive uma busca incessante pela imortalidade. Não a imortalidade no sentido direto da palavra, mas que seu nome e seus feitos fiquem perpetuados ao longo da história da humanidade.
Entretanto, no meio dessa sede de poder e aparente conquista, algo se move silenciosamente: a ação de Deus.
Deus age no silêncio e por meio da oração daqueles que o buscam. Assim, se estivermos condicionados a reagir apenas a tudo que faz barulho e a coisas grandes, vamos perder a palavra e a ação de Deus em meio aos sons e imagens.
Assim como nem tudo o que reluz é ouro, nem tudo o que é grande é grandioso. Deus está se movendo no curso da história da humanidade e nela manifesta Seu poder através daqueles que o buscam com sinceridade e inteireza de coração.
Eugene Peterson defende a idéia de que, de tempos em tempos, Deus designa alguém para dirigir sua atenção a essas pessoas, nações ou movimentos; apenas o tempo suficiente para fazer que o restante de nós pare de se espelhar neles e volte à ação principal: o próprio Deus!
Foi assim nos dias de Naum, 7 sec. a.C., quando Nínive, a capital Assíria contra quem profetizou, parecia indestrutível. Era algo inimaginável que alguma nação poderia se fortalecer e ser maior do que os Assírios.
A tarefa de Naum, portanto, foi tornar concebível o inconcebível, ou seja, mostrar a Israel que apesar de os Assírios serem poderosos sobre a terra Deus é soberano e tem poder sobre todo o Universo e por isso a nação deveria crer na libertação e de que Deus ouviria suas orações.
O objetivo do profeta é apresentar a proposta de Deus de que Israel deveria confiar nele e que embora os Assírios acreditassem que estavam no topo do mundo, toda a Terra não passa de estrado dos pés de Deus!
A mensagem de Naum é o demonstrar de Deus do que realmente está acontecendo entre o povo dentro do cenário histórico em que está inserido.


O caráter de Deus (vs.2-3a)

A primeira menção é a de que Deus é zeloso. Zelo aqui tem a ver com a santidade. Havia um pacto com Israel e os Assírios estavam na rota de colisão com este pacto e por isso seriam destruídos.
Deus também é vingador. Esse termo está associado à sua justiça perfeita. Como um Deus de justiça Ele age com vingança contra qualquer injustiça. Tanto o zelo (santidade) como a vingança (justiça) são atributos de Deus e, portanto, fazem parte de seu caráter.
Finalmente, Deus é paciente. “O Senhor é muito paciente, mas o seu poder é imenso; o Senhor não deixará impune o culpado.” (v.3a). Observe no texto claramente que Deus é paciente, entretanto, não é tolerante e condescendente. No tempo certo Ele punirá o pecado. Israel sofreu severamente o castigo de Deus através do poderio bélico dos Assírios. Este era o tempo do tratar de Deus com o seu povo. Mas, certamente isso não duraria para sempre.



O poder de Deus (vs.3b-6)

A natureza é usada aqui para exemplificar o poder de Deus e a sua consequente ação contra os inimigos do povo escolhido. O profeta se utiliza de forças como o vendaval, a tempestade, nuvens, mar, montes, colinas, rochas e toda a terra.
Depois de expor tudo isso, o profeta questiona no v.6: Quem pode resistir à sua indignação? Quem pode suportar o despertar de sua ira? O seu furor se derrama como fogo, e as rochas se despedaçam diante dele.”
As perguntas retóricas sobre o poder de Deus neste versículo seriam como se perguntássemos conclusivamente: “Que casas podem ficar em pé diante de um poderoso vendaval? Quais pontes por maiores que sejam podem suportar a força de uma terrível tempestade? Que pode fazer o homem para deter nuvens carregadas de chuvas? Como podem as embarcações subsistir intactas a gigantescas ondas do mar? Como pode alguém desbravar e escalar montes e colinas sem imaginar que poderá correr risco de vida?”
Nenhuma força humana, no céu ou na terra podem deter a ação poderosa de Deus. Os Assírios acreditavam que suas fortalezas poderiam limitar a intervenção de qualquer um. Até mesmo de Deus.


A percepção do caráter e do poder de Deus (vs.7-8)

Não é possível àquele que não teme a Deus ter a mesma percepção daquele que teme. Para os Assírios, Deus estaria agindo com vingança. Porém, para Israel, Deus estava agindo com bondade e misericórdia.
O nome Naum significa ”consolo” ou “conforto”. Era isso que Deus estava querendo trazer ao seu povo. O v.7 mostra a tônica de uma mensagem condizente com o nome do profeta que a pregou: “O Senhor é bom, um refúgio em tempos de angústia. Ele protege os que nele confiam...”
É preciso ressaltar que a vingança de Deus para os Assírios tem caráter de ensino para os Israelitas. Enquanto o v.7 mostra a bondade de Deus para com Israel, em contrapartida o v.8 mostra o agir do Senhor para com os maus: “...mas com uma enchente devastadora dará fim a Nínive; expulsará os seus inimigos para a escuridão.”
Certamente, o objetivo de Naum nunca foi o de fomentar o ódio de Israel contra seu inimigo. Para nós, a resposta ao ódio deve ser compaixão. Mas, o que Deus está ensinando através do profeta é: “Não admirem esses inimigos nem se sintam intimidados por eles. Eles serão julgados pelos mesmos padrões aplicados a nós. Sua grandeza, sua prepotência cairá e todos saberão que somente o Senhor, que trabalha por nós em silêncio, é o único e verdadeiro Deus!”

Conclusão

Há aqui ainda uma mensagem específica para nós, igreja contemporânea.
Israel não tinha como depender de sua própria força para se libertar de tão poderoso inimigo, mas apenas de Deus. Entretanto, em poucos anos, aqueles que pareciam invencíveis foram vencidos. Deus subjulgou e derrotou os Assírios através do poder de um novo império que se levantou – a Babilônia.
Hoje, a igreja, também enfrentando ameaças do mundo e ataques daqueles que se dizem poderosos, só consegue manter-se no mesmo lugar se agir como Israel, dependendo de Deus, que é grande em poder.
“O Senhor é Deus zeloso e vingador!” “O Senhor é muito paciente, mas o seu poder é imenso; o Senhor não deixará impune o culpado.” “O Senhor é bom, um refúgio em tempos de angústia. Ele protege os que nele confiam.” (Naum 1.2,3,7)

Pr. Elias Manoel – 07/02/2013

AS TRÊS EXIGÊNCIAS DE DEUS




Miqueias 6.1-8

INTRODUÇÃO

Uma das coisas mais comuns que acontece com os religiosos, é a tentativa de colocar Deus dentro de uma gaiola. Quando assumimos o controle da vida fazemos de Deus um objeto, algo com que podemos lidar, como uma coisa que podemos usar em benefício próprio.
Sempre foi assim ao longo da história do povo de Deus. Os profetas nunca caíram nessa conversa. Eles sempre nos ensinaram a reagir à voz e à presença de Deus.
Dentre estes profetas está Miquéias. O seu nome significa “Quem é como Iavé?” Ele nasceu em Moresete, região da Judéia, e profetizou em Jerusalém, sendo contemporâneo de Isaías, Oséias e Amós, tendo profetizado na última metade do sec. VIII a.C.
O povo vivia um distanciamento quilométrico de Deus em todos os aspectos, experimentando a opressão das grandes cidades sobre os vilarejos pobres, a corrupção política e jurídica e um reino luxuoso contra uma nação na miséria.
Diferentemente de seu contemporâneo Isaías, Miqueias foi um profeta pobre e camponês e centrou sua mensagem na evocação da justiça em favor dos necessitados.
Os dois reinos de Israel – Norte e Sul – estavam em absoluto declínio. No Norte, a idolatria fez com que o cálice da ira de Deus se enchesse e como punição Israel sofreu a invasão Assíria e teve a cidade de Samaria tomada e este reino nunca mais foi restaurado. No Sul, numa alternância entre altos e baixos, nunca foi possível realizar uma reforma espiritual profunda, mesmo no tempo do rei Ezequias. O povo se tornou ritualista, ou seja, iam ao templo e faziam suas ofertas, mas sua vida estava separada de Deus.
Assim, havia um abismo entre o que professavam e o que faziam. Diante desse quadro, Deus chamou o povo a um julgamento no cap. 6 e enfocou que não queria que eles fizessem algo por Deus, mas que sentissem a Sua presença.    
Experimentar a presença de Deus é entrar por portas que o mundo natural não consegue descrever, porque por detrás dessas portas estão as realidades mais profundas como o amor, a compaixão, a justiça, a fidelidade; e o contraste de tudo isso com o pecado da humanidade. Ao abrirmos essas portas somente encontramos a Deus e, Deus, não pode ser explicado sob critérios e formas humanas.
Quando essas portas se abrem Deus declara o desejo de seu coração, que é muito diferente de nossas práticas religiosas: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e Andes humildemente com o teu Deus.” (Miqueias 6.8).
Miqueias ensinou que a verdadeira religião leva a pessoa a uma comunhão íntima com o Senhor, e que, dessa comunhão, brota conduta íntegra para com os demais.
O teólogo Russel Normam Champlin disse que para Miqueias, a fé em Iavé deve resultar em justiça social e santidade pessoal e essas coisas só podem coexistir quando há a efetiva presença de Deus.
O Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho sintetiza a profecia de Miquéias da seguinte forma: “Iavé e juiz justo e perdoador benigno. Ele não é uma divindade restrita a um prédio, que chamamos templo, e a um momento, que chamamos culto. É o Deus de todas as áreas da vida.”
O JULGAMENTO DE DEUS

Diante de tanto pecado, Deus coloca seu povo no banco dos réus. É isso que vemos no cap. 6. Nesse tribunal montado figuradamente por Miqueias, Deus assume o papel de vítima, promotor e juiz enquanto que os montes e os fundamentos da terra são as testemunhas.
Miqueias arma um cenário onde acusações são feitas, a defesa fala e finalmente o profeta indica o que Deus exige (vs.1-8).

As acusações (vs.1-5)
Deus é a vitima de uma aliança quebrada. Deus é o promotor que acusa e o juiz que sentencia. Tendo os montes e os alicerces da terra como testemunhas, Deus pode demonstrar as maravilhas feitas por seu grande poder.
A acusação é a de que o povo que tinha sido amado, liberto, protegido e abençoado voltou as costas para Deus num gesto de absoluta ingratidão.
O povo sofre quatro acusações:
- O povo é acusado de não valorizar a sua libertação: “Eu o tirei do Egito e o redimi da terra da escravidão...“ (v.4).
- O povo é acusado de não valorizar sua liderança: “enviei Moises, Arão e Miriã para conduzi-los.” (v.4).
- O povo é acusado de não valorizar as bênçãos divinas: “Meu povo, lembre-se do que Balaque, rei de Moabe, pediu e do que Balaão, filho de Beor, respondeu.” (v.5).
- O povo é acusado de não valorizar a providência divina: “Recorde a viagem que você fez desde Sitim até Gilgal, e reconheça que os atos do Senhor são justos." (v.5).

As defesas (vs.6-7)
No cenário montado por Miqueias, agora é a vez do povo se manifestar. No entanto, em vez de tomar o caminho do arrependimento, o povo busca o atalho da religião sem vida. Acha que rituais vazios poderão enganar o coração de Deus.
Religião meramente ritual não representa culto verdadeiro. Na verdade, não agrada nem o coração do próprio homem. É como se Israel estivesse se perguntando: “Quanto devemos pagar a Deus para que ele se cale?” ou “Será que nossos sacrifícios não são suficientes?”
Sobre este aspecto, Moody escreveu: “Se a salvação pudesse ser assim comprada, por meio do oferecimento de bens materiais em propiciação pelo pecado, toda a humanidade estaria lutando pela salvação.”
Os holocaustos eram sacrifícios legítimos e ordenados por Deus, mas precisavam ser oferecidos com a motivação certa e a vida certa. Enfim, não adianta querer fazer a coisa certa do jeito errado!

AS TRÊS EXIGÊNCIAS DE DEUS

Depois da frustrada tentativa do povo em eximir-se de sua culpa, Deus, como a figura de um promotor, dá a instrução daquilo que o reto juiz espera de seu povo, o réu: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (Mq 6.8).

A prática da justiça (v.8)
A palavra hebraica mishpat que Miquéias usa aqui significa literalmente o caminho prescrito, a ação correta ou o modo apropriado de vida.
Justiça não se faz com conhecimento. Se faz com prática. Não basta estar regulamentada em códigos. É necessária sua aplicação.
Nos tempos de Miqueias havia ordenamentos jurídicos. Porém, os mesmos estavam sendo aplicados em prejuízo do povo e isso era abominação para Deus.
Muito mais relevante do que a aplicação da letra fria da lei, é uma vida de verdadeira justiça e retidão. Era o que Deus queria de Israel. É o que Ele continua buscando entre nós: verdadeiros adoradores que o adorem em espírito e em verdade. Veja o que diz Provérbios 21.3: “Fazer o que é justo e certo é mais aceitável ao Senhor do que oferecer sacrifícios.”

O amor à misericórdia (v.8)
A palavra hebraica hesed, traduzida por ‘misericórdia’, significa bondade, generosidade, lealdade, fidelidade.
A misericórdia é um passo além da justiça. Ela dá mais do que a justiça requer. A justiça concede o que o direito requer, a misericórdia concede o que o amor exige.
A misericórdia não deve ser apenas praticada, mas também amada. O texto fala em amor à misericórdia. Não basta fazer o que é certo, devemos fazer com a motivação certa. Obediência sem amor é legalismo. Asaph Borba escreveu numa de suas músicas a seguinte frase que sintetiza toda essa idéia: “Sei que é possível dar sem amar, mas é impossível amar sem dar.”

Andar humildemente com Deus (v.8)
A palavra hebraica tsana, traduzida por ‘humildemente’, traz a idéia de uma aproximação modesta, com decoro. É curvar-se para andar com Deus.
As exigências da prática da justiça e o amor à misericórdia estão relacionados com o homem. Já esta última exigência está relacionada única e absolutamente com Deus.
Se fossemos colocar numa ordem, certamente esta seria a primeira das três exigências porque só poderemos praticar a justiça e amar a misericórdia se andarmos humildemente com Deus, ou seja, nenhum de nós é capaz de fazer aquilo que Deus ordena sem antes nos achegarmos ao Senhor como pecadores quebrantados que carecem de salvação e direção.
Talvez o maior exemplo bíblico que temos para esta expressão tenha sido o relacionamento de Deus com Enoque: “Enoque sempre andou com Deus e um dia desapareceu, porque Deus o levou.” (Gênesis 5.24 - NBV).

CONCLUSÃO
           
            Essas três exigências: praticar a justiça, amar a misericórdia e andar humildemente com Deus não podem ser desmembradas.
Isso porque é possível praticar a justiça de forma severa e inflexível sem misericórdia. Também pode haver misericórdia sem justiça. Também é fácil encontrarmos gente que diz que anda humildemente com Deus, mas que dá à justiça e à misericórdia pouco espaço em sua vida.
Cabem muito bem aqui as sábias palavras do salmista Davi: Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.” (Salmo 51.17).

      Pr. Elias Manoel – 31/01/2013

A SOBERANIA DE DEUS




Jonas 2

Introdução

Alguns teólogos liberais defendem a tese de que esta história teria acontecido no período pós-exílico ou que nem mesmo teria acontecido. Porém, há defesa bíblica para sua veracidade.
Primeiramente, em II Reis 14.23-25 o profeta é citado: ‘No décimo quinto ano do reinado de Amazias, filho de Joás, rei de Judá, Jeroboão, filho de Jeoás, rei de Israel, tornou-se rei em Samaria e reinou quarenta e um anos. Ele fez o que o Senhor reprova e não se desviou de nenhum dos pecados que Jeroboão, filho de Nebate, levara Israel a cometer. Foi ele quem restabeleceu as fronteiras de Israel desde Lebo-Hamate até o mar da Arabá, conforme a palavra do Senhor, Deus de Israel, anunciada pelo seu servo Jonas, filho de Amitai, profeta de Gate-Héfer.’
Em Mateus 12.38-41 Jesus citou sobre o profeta, associando o tempo em que ele esteve por três e dias e três noite no ventre do grande peixe com sua própria ressurreição: ‘Então alguns dos fariseus e mestres da lei lhe disseram: "Mestre, queremos ver um sinal miraculoso feito por ti". Ele respondeu: "Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso! Mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta Jonas. Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no coração da terra. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas, e agora está aqui o que é maior do que Jonas.’
De fato, Jonas é um livro profético que mais parece histórico. Sua mensagem produziu efeito até naqueles que não o ouviram diretamente. No entanto, nenhum outro pregador na história foi tão bem sucedido. Nem mesmo o próprio Jesus foi tão bem sucedido como ele, pois muitos se opuseram à sua pregação.
Você quer conhecer a história de um pregador com um sermão impactante? Conheça a história de Jonas!
A maioria dos pregadores trabalha duramente para obter resultados; Jonas trabalhou duramente para não ter bons resultados, mas teve sucesso apesar da sua atitude. Aliás, Jonas foi o único pregador da história que ficou frustrado com seu sucesso!
Entretanto, suas razões eram consideráveis. Os ninivitas eram um povo cruel e impiedoso contra seus inimigos. Isso certamente deve ter despertado no coração de Jonas uma aversão e um ódio contra aquela cidade Assíria.
Mas, como Deus age dentro de circunstâncias tão adversas, de uma nação tão pecadora e um profeta tão rebelde? É isso que pretendo abordar a partir daqui.

A intervenção de Deus

            Em primeiro lugar, os poderosos atributos incomunicáveis de Deus aparecem muito claramente na história de Jonas nos ensinando que:
           
1.    Deus é onipresente e fugir de sua presença é a mais consumada loucura.
Jonas tentou fugir da presença de Deus, mas isso nunca foi possível. Davi, no Salmo 143 nos ensina que não há lugar onde possamos nos esconder da presença de Deus. O Seu olhar constante deve ser encarado não como uma perseguição de um Deus cruel, mas como uma bela proteção de amor.

2.    Deus é onipotente e opor-se ao seu propósito é a mais insana das decisões.
Deus tinha um objetivo e Jonas tentou fugir dele. Quando pensamos na figura do Oleiro na profecia de Jeremias e de que somos o barro e Deus pode nos moldar conforme Seu querer, não há como opor-se ao poder de Deus que atua em nós.

3.    Deus é onisciente e tentar esconder-se dele é pura insensatez.
Jonas sabia que Deus conhecia tudo e ainda assim tentou fugir do propósito. Não há como enganarmos a Deus. Ele sonda as nossas motivações. Como exemplo disso, I João 4.20 diz: ‘Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar o seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.’
           
A manifestação de Deus

            Quando refletimos sobre a manifestação de Deus precisamos de pronto afirmar que Ele tem ouvidos atentos para ouvir as nossas orações.
            Deus ouviu as orações dos marinheiros e os poupou. Deus ouviu o clamor de Jonas no ventre do grande peixe e o colocou de volta à praia. Deus ouviu o clamor dos ninivitas e os salvou de uma destruição iminente.
            Deus também ouviu a oração de Jonas no ventre do grande peixe. Ali Deus dá a grande cartada no profeta (cap. 2). A oração de Jonas é composta de palavras refletidas a partir de uma mente que compreendeu o mover absoluto e soberano de Deus diante de toda a situação.
Assim, a compreensão que devemos ter é a de que Deus coloca o profeta não somente no profundo dos mares, mas, também, no mais profundo do discernimento humano, entre a vida e a morte, entre o céu e o inferno e abre a sua visão a fim de mostrar a grandeza de seu amor pelo homem.
Ele diz nos vs.6-7 em sua oração: Afundei até os fundamentos dos montes; à terra cujas trancas estavam me aprisionando para sempre. Mas tu trouxeste a minha vida de volta da cova, ó Senhor meu Deus! "Quando a minha vida já se apagava, eu me lembrei de ti, Senhor, e a minha oração subiu a ti, ao teu santo templo”.’
Muitas vezes é assim que Deus faz conosco também. Parece que às vezes ele tem que nos colocar de cara com algo terrível para que abramos nossos olhos e enxerguemos o Seu propósito e a Sua manifestação em nosso favor.

Conclusão

Para concluir, é preciso que destaquemos dois aspectos que ressaltam a soberania de Deus sobre tudo e sobre todos:

1.    A rebeldia humana não pode frustrar os planos de Deus.
Jonas acabou cumprindo a ordem que lhe foi designada, mas não mudou suas atitudes. Entretanto, a sua rebeldia não frustrou os planos de Deus. Em Jó 42.3 está escrito que Deus tudo pode e ninguém pode frustrar os Seus planos. Saiba que Deus vai cumprir os seus planos com você, sem você ou apesar de você.

2.    A graça de Deus é sempre maior que o pecado humano.
O pecado dos Ninivitas havia subido ao céu e ainda assim a misericórdia de Deus foi maior que as transgressões. O mesmo Deus que restaurou o profeta rebelde salvou os ímpios da morte iminente. É por isso que é Deus quem termina o livro com uma pergunta a Jonas: “Nínive tem mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem nem distinguir a mão direita da esquerda, além de muitos rebanhos. Não deveria eu ter pena dessa grande cidade?” (Jn 4.11). Deus nunca rejeita um coração quebrantado.


Pr. Elias M. Santos – 22/11/2012