A VERDADEIRA UNÇÃO
Êxodo 30.22-33
Introdução
Dentre os assuntos que causam maior polêmica doutrinária entre os cristãos encontra-se a questão da unção com óleo. Muito se tem falado sobre isso e muita verdade e muita mentira acaba envolvendo a prática.
Esse texto fala do seu surgimento e através dele podemos obter orientações sobre esse ato simbólico e o que ele representa para a igreja e os crentes de nossos dias.
A unção ontem
Por todas as páginas do Antigo Testamento a unção preenche um importantíssimo lugar nas ordenanças de Deus para Seu povo e significa a doação do Espírito Santo com propósitos divinamente apontados.
Devemos nos lembrar que no Antigo Testamento o Espírito Santo não habitava nas pessoas constantemente, mas temporariamente, para que elas pudessem exercer seus ofícios.
Os profetas, sacerdotes e reis eram ungidos, e todos esses ofícios se encontram focalizados na pessoa de Cristo (em grego, “Cristo”, equivalente ao hebraico “Messias”, significa “ungido”).
O texto mostra que o ungüento ou azeite utilizado para unção era preparado com as melhores especiarias e por pessoas habilitadas para isso (obra de perfumista – v.25).
O que deveria ser ungido com aquele óleo (vs.26-28)?
- A tenda do encontro (tabernáculo);
- A arca da aliança;
- A mesa e todos os seus utensílios;
- O candelabro e seus utensílios;
- O altar do incenso;
- O altar do holocausto e todos os seus utensílios;
- A bacia com a sua base;
- E os sacerdotes (Arão e seus filhos).
O objetivo da unção, portanto, era a separação de algo ou alguém para uma obra pré-determinada e específica.
O uso inadequado do óleo da unção poderia acarretar em severas punições (vs. 31-33).
A unção hoje
Como podemos trazer para nossos dias o sentido da unção de uma forma bíblica?
Em primeiro lugar, devemos compreender que no AT tudo era simbólico. Deus estava estabelecendo diretrizes ao povo preparando a vinda de Jesus Cristo ao mundo e Ele próprio seria o marco de um novo tempo depois da Lei.
Em segundo lugar, no NT, não há referências da unção com óleo com o mesmo objetivo do AT, com exceção apenas de Hebreus 1.9, mas que, mesmo assim, está relacionado exclusivamente à pessoa de Jesus Cristo, o Ungido de Deus: “Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros, ungindo-te com óleo de alegria”.
Em todos os demais textos do NT, a palavra original grega utilizada para óleo é aleipho que tem outra conotação, conforme os textos a seguir nos mostram.
Em Marcos 6.13 observamos que o azeite era aplicado para a cura dos enfermos como medicamento: “Expulsavam muitos demônios e ungiam muitos doentes com óleo, e os curavam”.
É o mesmo sentido em Lucas 10.34 que faz referência ao tratamento dos ferimentos do judeu pelo bom samaritano da parábola: “Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo”.
Ainda, em Tiago 5.14 há o conselho para que o enfermo seja medicado em nome do Senhor: “Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo em nome do Senhor”.
Em Lucas 7.46 Jesus estava repreendendo o judeu que o recebera numa festa e não ungira a sua cabeça com azeite em sinal de amizade e boas vindas como era costume: “Você não ungiu minha cabeça com óleo, mas ela derramou perfume nos meus pés”.
A verdadeira unção
Se não podemos adotar a prática da unção com óleo do AT, então onde estaria a verdadeira unção?
Entendo que no NT não há a unção com óleo com a mesma finalidade que havia no AT.
Não existe óleo da unção no NT porque a fórmula feita por Moisés não poderia ser copiada e porque não existem os elementos de culto do AT no NT. Não existe tabernáculo, não existe altar, não existe arca, não existe sacerdote. Não existe nada disso para ser consagrado.
O ungido de Deus já veio e todos os servos de Deus são consagrados através dele. O culto não depende de lugares consagrados, nem de objetos consagrados, nem de sacerdotes. No NT, portanto, só encontramos unção com óleo com a finalidade de aplicação medicinal.
A verdadeira unção, portanto, está atuante na igreja através da pessoa do Espírito Santo outorgando poder e graça, dons e talentos conforme Ele quer:
“A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum (...) Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, conforme quer.” (I Coríntios 12.7 e 11)
Pr. Elias M. Santos - 21/04/2011
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