Ageu
1
Introdução
Um
dos grandes problemas que enfrentamos diz repeito ao lugar de adoração. O
problema não é arquitetônico. Olhamos enormes catedrais ou pequenos templos
escondidos em bairros distantes e carentes, mas nenhum desses modelos garante
que a adoração a Deus predomine no local onde estão estabelecidas.
Quando
observamos esse fato, não é incomum descartarmos as construções, dizendo: ‘O lugar do culto não é uma construção; são
as pessoas!’; ou: ‘Prefiro adorar ao
ar livre que neste templo bonito, mas cheio de gente fazendo coisas erradas!’
Muitas
vezes, esses argumentos nascem a partir da interpretação de Atos 17.24 quando o
apóstolo Paulo disse que Deus não habita em santuários feitos por mãos humanas.
Com essa afirmação o que se espera é que a discussão seja encerrada.
Mas,
de repente, surge o profeta Ageu trazendo uma mensagem diferente dessa e que
não pode ser ignorada por ter sido proferida por um autêntico profeta de Deus.
Sua missão e tempo profético foram bem curtos – cerca de três meses e meio –
para falar ao povo que deveriam reconstruir o templo de Deus (o mesmo que havia
sido destruído a 70 anos atrás por conta da invasão babilônica).
Talvez,
num primeiro olhar, a mensagem de Ageu não nos pareça tão espiritual assim;
principalmente considerando o fato de que somos igreja nascida a partir de
Cristo Jesus. Mas, se atentarmos bem para a profecia e o profeta, entenderemos
que Deus nos chama para a reflexão da realidade de que estamos neste mundo
material com os olhos num mundo espiritual e, assim sendo, o templo é uma
referência do nosso local especial de adoração e celebração.
A
maior parte dos profetas do AT falou antes do cativeiro. Ezequiel e Daniel
profetizaram durante o cativeiro. Mas, Ageu, Zacarias e Malaquias profetizaram
após o retorno do cativeiro.
Ageu
foi o primeiro profeta do período pós-babilônico. Seu nome significa ‘festivo’ porque
possivelmente teria nascido no período de uma das três festas principais dos
judeus. Ele deve ter vivido o fim do cativeiro e sua libertação certamente se
deu junto com aos 50.000 judeus que retornaram para Jerusalém e sua missão foi
a de encorajar o povo à reconstrução do templo.
Ageu
nos lembra de que a época de reformar ou reconstruir o prédio em que adoramos é
também um ato de obediência, tão importante quanto à oração feita nesse local
de adoração.
O PERIGO DA
ACOMODAÇÃO
Deus
interrogou os judeus porque não estavam reconstruindo o templo e eles afirmaram
que o tempo de reconstruí-lo ainda não havia chegado (v.2).
O
povo estava vivendo o grave pecado da acomodação. Eles adiaram o projeto de
Deus para priorizar seus próprios projetos.
Nos
vs.3-6 está a condenação de Deus ao povo porque eles estavam investindo
luxuosamente em suas casas enquanto a casa de Deus estava abandonada.
Na
verdade, este é um símbolo do descaso de muitos crentes através dos tempos – primeiro
a minha vida, depois as coisas de Deus.
OS 4 RISCOS DA
AVAREZA
Deus
convida o Seu povo para uma reflexão. E Ele faz isso através do v.5 quando os orienta
a não caírem nos mesmos erros do passado.
Em
seguida Deus os convida a refletir que investimentos errados produzem
resultados insatisfatórios (v.6). O profeta usa cinco situações de investimento
todas com resultado insatisfatório: Quem semeia muito colhe pouco; quem come
não se farta; quem bebe não se sacia; quem se veste não se aquece e quem recebe
salário perde-o pelo caminho.
Então,
segundo o texto, sempre que desamparamos a Casa de Deus criando desculpas para
investir em nossos próprios projetos corremos quatro riscos:
-
Ter muito, mas não encontrar prazer no que se tem.
-
Fazer grandes investimentos, mas ter resultados insignificantes.
-
Insatisfação por reter nas mãos aquilo que é de Deus.
-
Reter mais do que o justo, levando a perder mais do que lucrar.
O GRANDE
EMPECILHO DA OBRA DE DEUS
Deus
chama o povo a novamente refletir seus caminhos passados e ordena através do
profeta, a reconstrução do templo (vs.7-8).
Sempre
que nos preocupamos mais conosco mesmos e menos com a obra de Deus, o Senhor
retém a sua mão. É o que está escrito nos vs.9-11. O problema nunca é a falta de recursos, mas
falta de fé. Ela é o grande empecilho para o crescimento e os projetos de uma
igreja.
Por
outro lado, quando nos dispomos a fazer obra de Deus como prioridade em nossas
vidas, Ele fortalece as nossas mãos. Willian Carey, o pai das missões modernas
foi quem afirmou uma frase que ficou eternizada: “Faça grandes coisas para Deus e espere grandes coisas de Deus.” A
igreja que se propõe a dar glória ao nome de Deus realiza coisas
extraordinárias para Deus!
OS RESULTADOS DA
OBEDIÊNCIA
Os
v.12-15 mostram o resultado daquilo que Deus fez entre o Seu povo quando ele se
voltou a obedecer ao Senhor. Três importantes lições aprendemos aqui:
- A resposta à
Palavra de Deus começa pela liderança:
Os
líderes têm fator predominante na ação de Deus em meio a Seu povo. O texto
mostra que assim que receberam a mensagem, Zorobabel, o governador dos judeus,
e Josué, o sumo sacerdote, começaram a reconstrução (v.13). Quando a liderança
acerta sua vida com Deus os liderados seguem os seus passos.
- A resposta à
Palavra de Deus passa pela reverência:
O
final do v.12 diz: “E o povo temeu o
Senhor”. É impossível ouvir a Deus sem temê-lo. É impossível temer a Deus
sem obedecer-lhe. Onde não há temor de Deus, a vida espiritual é decadente.
- A resposta à
Palavra de Deus termina com vitória:
Diante
de um quadro como este o resultado não poderia ser outro. Deus declara sua
presença entre o seu povo através do profeta Ageu: “Eu estou com vocês” (v.13) – essa é a mais grandiosa promessa que
Deus pode fazer-nos; e finalmente os encoraja: “Assim o Senhor encorajou o governador de Judá, Zorobabel,
filho de Sealtiel, o sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e todo o
restante do povo, de modo que eles começaram a trabalhar no templo do Senhor
dos Exércitos, o seu Deus, no dia vinte e quatro do sexto mês do segundo ano do
reinado de Dario.” (vs.14-15).
Conclusão
Quando o povo de Deus se reúne para
adorá-lo no templo, Deus é glorificado. Na verdade aquele templo era apenas um
tipo do verdadeiro templo em que Deus habita – a igreja. Nós somos a habitação
de Deus. Nós, povo remido pelo sangue de Cristo, somos o verdadeiro santuário
do Espírito Santo. Quando investimos na obra de Deus, isso agrada e glorifica
ao Senhor.
“Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do
Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não
são de si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a
Deus com o corpo de vocês.” (I
Coríntios 6.19-20).
Pr. Elias Manoel – 11/04/2013