sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Onde está Deus?

ONDE ESTÁ DEUS?

I Samuel 4.1-11 e 7.2-13

Em I Samuel 4 é relatado a história das seguidas derrotas de Israel. É o surgimento de Samuel sobre o fim de Hofni e Finéias, filhos de Eli, contemporâneo de Sansão.
É interessante que a história conta que a arca foi trazida para proteger aos soldados israelitas, mas, parece que não surtiu efeito. Só desgraças (a morte de Eli, as mortes de Hofni e Finéias, a derrota de Israel na batalha) como lemos em 4.15-22.
Mas, onde estava o problema? A arca não era o símbolo da presença de Deus?
Sim, a arca era o símbolo da presença de Deus. Mas, os símbolos servem para nos fazer lembrar algo. Por isso são chamados de memoriais.
Assim é hoje. Assim também foi no tempo bíblico. Os memoriais existem para nos trazer dois tipos de lembranças: ou para celebrar vitória ou para trazer disciplina.
Dois momentos díspares existem entre os capítulos 4 e 7 de I Samuel. No primeiro, embora a arca do aliança estava no meio do povo, a derrota aconteceu e a arca foi tomada pelos filisteus. No segundo, Deus mudou a sorte de Israel, lhe deu vitória sobre o seu maior inimigo, a arca retornou ao povo e uma pedra foi levantada e a ela foi dado o nome de “Ebenézer” que significa “até aqui nos ajudou o Senhor”.
São dois momentos diferentes, envolvendo símbolos que nos trazem lições importantes.


1º Os memoriais não são maiores que o próprio Deus. (4.15-22)

Hoje temos visto muitas pessoas usando diversos “amuletos da fé”, desvirtuando o propósito dos símbolos que não passam de formas de lembrança.
A arca era um símbolo do atributo de Deus relacionado à sua imutabilidade.
Ela seria um símbolo de que Ele sempre estaria com Israel, mas, algo precisava estar muito nítido na mente do povo:
a.) Deus não era a arca.
b.) Deus não estava na arca.
c.) Deus só estaria entre o povo se este fosse fiel, independentemente da presença material da arca.
Mas, não é o que a história nos mostra.
No capítulo 4, os israelitas levam a arca, para a batalha, mas Deus não estava presente. Por isso eles foram derrotados.
Os símbolos existem para nos lembrar de uma contraprestação.
Valeram-se da presença da arca, mas não tinham a presença de quem faria a diferença: O próprio Senhor!
Não é o que ocorre hoje? As pessoas se utilizam dos símbolos, das liturgias, e dos memoriais cristãos ou bíblicos, menos do poder do verdadeiro Deus de forma humilde e com sinceridade de coração. Lembram-se dos símbolos e objetos sagrados. Entretanto, esquecem-se de Deus.


2º Os memoriais servem para nos lembrar os feitos de Deus e de que só Ele deve ser adorado (7.2-6)

Os objetos são somente objetos. Servem tão somente para nossa memória. Como uma aliança de casamento nos lembra de um compromisso maior de reciprocidade e amor para com o cônjuge. Como uma certidão de nascimento que me declara mais que simplesmente um responsável legal; me lembra que tenho o dever de influenciar positivamente na formação do caráter do meu filho.
Os objetos, portanto, servem para nos lembrar, no caso do texto bíblico em estudo, dos feitos do Senhor.
Precisamos aprender a desviar o foco dos líderes e, como igreja, não olhar para homens ou coisas, somente para Deus.
Seguir homens é perigoso. Guiar-se por símbolos pode ser idolatria. Olhar para Deus é garantia de vitória.


3º Os memoriais de Deus são incomparáveis (7.3)

Veja como os símbolos são perigosos quando o coração do homem não está voltado para a compreensão correta: os israelitas tinham a arca naquele local já há 20 anos e Samuel apela para que tirem do meio deles os deuses estrangeiros!
Os memoriais de Deus são incomparáveis! Os símbolos de Deus têm correlação: a serpente de bronze com a cruz, a páscoa com a ceia, a lei com a graça.
Por isso, firmar-se em símbolos do passado é esquecer o objetivo central da salvação que há em Cristo Jesus.


4º Os memoriais nos trazem à mente o passado e nos reposicionam em direção ao futuro (7.12-13)

Samuel ergueu uma pedra entre Mispá e Sem e deu o nome daquele lugar de “Ebenézer” que significa “até aqui nos ajudou o Senhor” e isso tudo nos traz alguns ricos ensinamentos:

1 – Naquele local onde os israelitas haviam sido massacrados 20 anos atrás, agora havia vitória.
Faz lembrar que mesmo tendo perdido batalhas, Israel agora era vencedor.
Paulo nos diz que em tudo somos atribulados, mas não desamparados, ficamos perplexos, abatidos, mas não desanimados.
O memorial nos traz a lembrança nossas lutas que nos fazem amadurecer e reconhecer que, se chegamos até aqui é porque em algum momento tivemos vitória.

2 – Deus cumpre os seus propósitos através de nós ou até mesmo independentemente de nós.
É só traçarmos um paralelo entre as vidas de Hofni e Finéias e a de Samuel que poderemos perceber isso.
Deus cumpriu seus propósitos através deles da maneira como quis, porém, castigou os primeiros e exaltou o último.
Vejamos como Deus usa poderosamente aqueles que o temem: “E a palavra de Samuel espalhou-se por todo o Israel” (4.1a). “A mão do Senhor esteve contra os filisteus durante toda a vida de Samuel” (7.13b).

3 – O memorial nos recoloca em direção ao futuro a partir do momento em que compreendemos que Deus ainda tem muito mais a nos dar se o temermos e confiarmos que Ele fez, faz e continuará a fazer no meio do Seu povo.
Lembremos do que Paulo disse em Efésios 3.20-21: “Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós, a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre! Amém!”


Conclusão

Portanto, a pergunta que faço para concluir é “onde está Deus?” Em meio aos símbolos e memoriais? Por acaso podemos aprisioná-lo dentro de ‘objetos sagrados’ que criamos ou que trouxemos no AT?
A resposta é negativa. Deus não pode ser preso aos muros de nossa religiosidade. Deus habita no coração contrito.
Termino essa meditação com as palavras do profeta Samuel ao rei Saul:
“Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. Pois, a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria”. (I Sm 15.22,23).

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