sábado, 27 de agosto de 2011

É preciso saber viver

É PRECISO SABER VIVER!

I Reis 3.5-15

Introdução

Há uma música entre as mais famosas de Roberto Carlos, eternizada em sua voz e a não muitos anos regravada pelos Titãs que diz o seguinte:
Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver...
Realmente existem verdades na letra desta canção. Para viver bem precisamos de sabedoria.
A história que estamos por ver nos mostra um rei que foi sábio ao pedir e isso lhe rendeu ainda mais sabedoria.
Sabedoria não se compra e não se compara. Sabedoria não é conhecimento. Conhecimento se adquire com pesquisas, sabedoria se adquire com a vida. Muitos são curiosos por conhecer, mas poucos têm anseio por sabedoria porque ela muitas vezes confronta nossas convicções.
Porém, a bíblia nos ensina a sempre agir com sabedoria. Temer a Deus é o primeiro passo em direção à sabedoria:
“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; todos os que cumprem os seus preceitos revelam bom senso.” (Sl 111.10).
“O temor do Senhor é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina.” (Pv 1.7)

A síndrome da lâmpada

Quando lemos a história de Salomão vemos que ele reconheceu sua tenra idade – possivelmente cerca de 20 anos (v.7) – e sua falta de maturidade para dirigir o povo e pediu a Deus em um sonho, sabedoria (v.9).
Salomão era rico, príncipe, rei por dinastia e por determinação profética. Entretanto, era humilde. Sabia que tudo isso ainda não era o bastante e não poderia dirigir o povo sem a supervisão e orientação de Deus. É o que ele diz no final do v.9: “Pois, quem pode governar este teu grande povo?”
A resposta de Deus é que me chama a atenção. Deus vai lhe dar sabedoria acima da sabedoria de qualquer pessoa de sua época.
Porém, qual foi a razão de Deus conceder a Salomão tanta sabedoria? O próprio texto bíblico vai responder.
Tenho certeza de que todos conhecem a famosa estória inserida nos contos das “Mil e Uma Noites” sobre Aladim e a lâmpada maravilhosa. Quando a lâmpada era esfregada saía um gênio de dentro dela e as pessoas tinham direito a três pedidos.
Agora, pense: Se da mesma forma, Deus lhe aparecesse e lhe dissesse que você tem direito a três desejos, o que pediria?
É a isso que chamo de ‘síndrome da lâmpada’.
Deus conhece o coração do homem e sua soberba. Provérbios 16.18, diz: “O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda.”
Veja o que Deus diz sobre nosso coração ganancioso, a partir do sonho de Salomão, e observe que essas são as coisas que agradam ao coração do homem, a ponto de fazê-lo esquecer-se de buscar o que realmente importa, ou seja, a sabedoria que vem de Deus:
Vida longa
No v.11, primeiramente Deus diz que daria sabedoria a Salomão porque ele não havia pedido uma vida longa.
Muito poderíamos meditar sobre isso. Lá no princípio, após o pecado original, Deus tirou o homem e a mulher do jardim do Édem para que não comessem também da árvore da vida: “Então disse o Senhor Deus: "Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele também tome do fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre’.” (Gn 3.22)
Matusalém foi o homem que mais viveu na terra – 969 anos – entretanto, que história nos deixou?
Será que viver muito é sinônimo de viver bem? Beethoven morreu aos 57 anos. Spurgeon aos 58 anos. Martin Luther King viveu apenas 39 anos. Poucos anos, entretanto, um grande legado! Agora pergunto: Sua vida tem valido a pena?
O salmo 90 diz: “Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria.”
Infelizmente o pecado de Salomão o enterrou. Ele não deve ter vivido muito mais do que 60 anos de idade. Nunca podemos nos esquecer que o salário do pecado é a morte. As pessoas vivem construindo seus castelos, entretanto, se esquecem que, para Deus, eles não passam de castelos de areia. A vida passa e o que se conquistou para quem ficará?
Tiago 4.14, diz: “Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa.” O melhor é seguir as palavras de Cristo: “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam.” (Mt 6.19-20)

Riquezas

Ainda, no v.11, Deus diz que daria sabedoria a Salomão porque ele não havia pedido riquezas.
Salomão pediu sabedoria. Deus lhe deu sabedoria e riqueza. Deus quer prová-lo e mostrar-lhe que a sabedoria do mundo é loucura. Ele faz isso lhe dando o que mais corrompe o coração do homem: Achar que pode tudo com o dinheiro!
Paulo dá uma orientação muito especial a Timóteo a respeito do perigo do dinheiro: “Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos.” (I Tm 6.9,10)
Lembram-se do filme ‘Náufrago’? O personagem achou dinheiro nos pedaços do avião destruído, porém isso não tinha o menor valor para a situação em que vivia naquele momento. O que ele precisava mesmo é de qualquer objeto cortante para simplesmente abrir um coco!
O dinheiro traz uma sensação de segurança, aparente conforto e uma ilusória independência. O dinheiro pode ser benção, mas como tem atrapalhado o crescimento genuíno da obra de Deus! A ganância por ter cada vez mais nos leva, consequentemente, a uma série de outros pecados, pois um abismo chama outro abismo. Um bom exemplo disso são os reality shows onde as pessoas nunca desistem de jogar (Big Brother, A Fazenda, Topa ou Não Topa).
Precisamos pensar: Por que queremos ganhar dinheiro? Confesso que já quis ser rico. Deus me mostrou que a maior riqueza é servir em Seu Reino de glórias eternas!

Vingança

Finalmente, no v.11, Deus diz que daria sabedoria a Salomão porque ele não havia pedido a morte dos seus inimigos.
Um dos sentimentos mais destruidores dos seres humanos é a sede de vingança.
Vivemos num mundo de guerras, de violência em todos os setores, de maldade onde um quer sempre levar vantagem sobre o outro. Isso certamente desagrada o coração de Deus.
Salomão tinha muitas nações inimigas. O simples sopro de Deus poderia afastá-las de seu caminho. Entretanto, ao invés de guerrear ele preferiu fazer alianças com diversos reinos.
O escritor de Hebreus numa menção sobre a perseverança em meio às tribulações da vida traz um ensinamento do AT para a igreja: “Pois conhecemos aquele que disse: ‘A mim pertence a vingança; eu retribuirei’; e outra vez: ‘O Senhor julgará o seu povo’.” (Hb 10.30)
Precisamos aprender a perdoar. Precisamos viver uma vida cristã de verdadeira santidade e vingança não tem parte nesse modo de vida. Chega de “isso não vai ficar assim!”
Precisamos aprender a vencer o mal com o bem, como disse Paulo na carta aos romanos (Rm 12.21).
Observemos o que Jesus nos ensinou sobre a vingança: “Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra. E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa. Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas. Dê a quem lhe pede, e não volte as costas àquele que deseja pedir-lhe algo emprestado. Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo. Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.” (Mt 5.39-45)

Conclusão

Ao pedir sabedoria, Deus deu a Salomão muito mais (vs.12,13).
Sabedoria se adquire com o tempo. Não é da noite para o dia. Portanto, é preciso persistência. É por isso que o v.14 diz: “E, se você andar nos meus caminhos e obedecer aos meus decretos e aos meus mandamentos, eu prolongarei a sua vida.”
Você quer saber viver corretamente? Então deixe que Deus controle a sua vida e busque a sabedoria que dele vem!
“Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida.” (Tiago 1.5)

Passos de um verdadeiro arrependimento

PASSOS DE UM VERDADEIRO ARREPENDIMENTO

II Samuel 12.1-25

Introdução

O arrependimento é um sentimento de duas vias. Ou pode servir para frustração ou para restauração.
Frustração pelo erro cometido às vezes de forma reiterada; entretanto, também de oportunidade para a restauração.
A grande questão que pensamos é: quando, na verdade o arrependimento é verdadeiro? A resposta é: quando gera aprendizado e amadurecimento.
Essa história bíblica pode nos mostrar através da vida do rei Davi os passos certos de um verdadeiro arrependimento.

Cegueira

Antes dos passos de um verdadeiro arrependimento, é importante observar porque muitas vezes eles demoram aparecer.
Davi havia cometido vários pecados conjuntos por conta do desejo que o cegou (II Samuel 11).
O profeta Natã o confronta com uma parábola cheia de significados (vs.1-4) e a resposta de Davi é categórica: “em meu reino se faz justiça (vs.5,6)!”
Davi se vale da Lei para a aplicação da pena ao homem injusto da parábola contada por Natã (pagar quatro vezes, conforme Êxodo 22.1). A lei se aplicaria a todos, menos ao rei?
Diante dessa circunstância é que Natã acusa o rei do seu pecado: “Você é esse homem” (v.7).
Paulo diz que o deus desta era cegou o entendimento dos descrentes (II Co 4.4).
A verdade é que o pecado nos separa de Deus e, muitas vezes, nos faz irreconhecíveis.
Veja que no texto, o profeta Natã diz a Davi (parafraseando): Deus te fez rei, te livrou das mãos e da dinastia de Saul, deu-lhe a melhor casa e as mulheres que quisesse. Deu-lhe toda a nação israelita e toda a tribo de Judá; e, se tudo isso ainda não fosse suficiente, Ele lhe daria ainda mais! Então, porque razão você ainda foi se meter com a mulher do seu vizinho? (vs.7-9)
Muitas vezes nos sentimos fracos e percebemos claramente que Deus não responde nossas orações. Precisamos examinar os nossos corações. Talvez haja pecados não confessados e Eles precisam ser retirados de nossas vidas.
O próprio Davi entendeu isso quando compôs um salmo de arrependimento e contrição por este pecado, dizendo que enquanto ele estava oculto, o seu corpo definhava de tanto gemer, pois, dia e noite a mão de Deus pesava sobre ele. Ele diz que sua força se esgotava como em tempo de seca. (Sl 32).
Ainda o profeta Isaías escreveu: “Vejam! O braço do Senhor não está tão curto que não possa salvar, e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir. Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá.” (Is 59.1-2)
Precisamos pedir a Deus que abra nossa visão espiritual e possamos enxergar nossos erros! Só assim poderemos partir para o primeiro passo.
Reconhecimento

A resposta de Davi no v.13 é um claro significado de reconhecimento: “Pequei contra o Senhor!”
O rei Saul também reconheceu o seu pecado ao falar com Samuel. Ele diz em I Sm 15.24,25: “Pequei, disse Saul. Violei a ordem do Senhor e as instruções que tu me deste. Tive medo dos soldados e os atendi. Agora eu te imploro, perdoa o meu pecado e volta comigo, para que eu adore o Senhor.”
Saul queria uma solução rápida. Entretanto, Davi tinha consciência de que isso não era possível.
Quando reconhecemos nosso erro, entendemos que ele deve ser tratado e nem sempre isso acontece de forma instantânea. Algumas feridas levam anos para ser cicatrizadas.
Entretanto, o texto de Provérbios 28.13 nos ensina uma lição muito importante: “Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia.”
Tornam-se provações; e as provações geram para nós o próximo passo.

Amadurecimento

O apóstolo Tiago escreveu: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma.” (Tiago 1.2-4)
Quando Davi tomou consciência de seu pecado, o profeta Natã começou a predizer todas as punições que ele sofreria e que de fato sofreu: a morte da criança gerada pelo adultério (v.14), o assassinato de Amnon por Absalão, filhos de Davi (13.28,29), a execução de Absalão quando este rebelou-se contra o pai (18.9-17) e a execução de Adonias, também filho de Davi (I Rs 2.24,25).
Deus faz isso porque o pecado não pode ser tolerado. Deus ama o pecador, mas odeia o pecado. Deus ouve um coração arrependido, mas é preciso aprender com os erros cometidos.
As dificuldades e provações que enfrentamos por causa dos nossos pecados, podem servir para duas coisas: ou para nos desanimar e fazer desistir de uma vez ou para serem nossas doutrinadoras. A escolha será nossa!
Se escolhermos aprender com elas, estaremos aptos para dar o próximo e derradeiro passo.

Maturidade

Há uma lição preciosa aqui. Quando Davi reconhece seu pecado e aceita a severa punição de Deus, se coloca a orar e jejuar diante do Senhor pela vida do seu filho predito de morte. Porém, Deus cumpre o seu juízo (vs.15-19).
As conseqüências do pecado são desastrosas. Aprendemos ao longo da vida cristã que não existem ‘pecadinhos’ e nem ‘pecadões’, mas as conseqüências variam de acordo com o pecado cometido. Davi matou Urias para ter a sua mulher. A partir daí, a morte passou a assombrar a família de Davi.
Davi perdeu seu filho em sete dias e depois que lhe foi noticiado a sua morte o v.20 diz: “Então Davi levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa. Depois entrou no santuário de Deus e o adorou. E, voltando ao palácio, pediu que lhe preparassem uma refeição e comeu.”
Muitas vezes sofremos pelo nosso pecado e clamamos ao Senhor, mas a resposta vem da forma como não gostaríamos. E aí como será? Poderemos ainda cantar: “Te louvarei, não importam as circunstâncias...”?

Conclusão

Só existe uma coisa que Deus não resiste: um coração derramado e arrependido diante dele!
A história conta que Deus deu outro filho a Davi o qual lhe deu o nome de Salomão que significa ‘paz’ e Deus o amou (v.24).
O profeta Natã, que tinha vindo para predizer maldições contra Davi, agora retorna para declarar a benção sobre sua casa e sobre todo o Israel. Ele chama Salomão pelo nome ‘Jedidias’ que significa ‘amado pelo Senhor’.
O arrependimento verdadeiro produz vida, porém, o arrependimento segundo o mundo não passa de um mero remorso: “A tristeza segundo Deus produz um arrependimento que leva à salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o mundo produz morte.” (II Co 7.9)
Ha algo do que você precisa se libertar? Então, arrependa-se agora e desfrute da paz, da misericórdia e do amor de Deus em sua vida!
"Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados." (Jr 31.34)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Onde está Deus?

ONDE ESTÁ DEUS?

I Samuel 4.1-11 e 7.2-13

Em I Samuel 4 é relatado a história das seguidas derrotas de Israel. É o surgimento de Samuel sobre o fim de Hofni e Finéias, filhos de Eli, contemporâneo de Sansão.
É interessante que a história conta que a arca foi trazida para proteger aos soldados israelitas, mas, parece que não surtiu efeito. Só desgraças (a morte de Eli, as mortes de Hofni e Finéias, a derrota de Israel na batalha) como lemos em 4.15-22.
Mas, onde estava o problema? A arca não era o símbolo da presença de Deus?
Sim, a arca era o símbolo da presença de Deus. Mas, os símbolos servem para nos fazer lembrar algo. Por isso são chamados de memoriais.
Assim é hoje. Assim também foi no tempo bíblico. Os memoriais existem para nos trazer dois tipos de lembranças: ou para celebrar vitória ou para trazer disciplina.
Dois momentos díspares existem entre os capítulos 4 e 7 de I Samuel. No primeiro, embora a arca do aliança estava no meio do povo, a derrota aconteceu e a arca foi tomada pelos filisteus. No segundo, Deus mudou a sorte de Israel, lhe deu vitória sobre o seu maior inimigo, a arca retornou ao povo e uma pedra foi levantada e a ela foi dado o nome de “Ebenézer” que significa “até aqui nos ajudou o Senhor”.
São dois momentos diferentes, envolvendo símbolos que nos trazem lições importantes.


1º Os memoriais não são maiores que o próprio Deus. (4.15-22)

Hoje temos visto muitas pessoas usando diversos “amuletos da fé”, desvirtuando o propósito dos símbolos que não passam de formas de lembrança.
A arca era um símbolo do atributo de Deus relacionado à sua imutabilidade.
Ela seria um símbolo de que Ele sempre estaria com Israel, mas, algo precisava estar muito nítido na mente do povo:
a.) Deus não era a arca.
b.) Deus não estava na arca.
c.) Deus só estaria entre o povo se este fosse fiel, independentemente da presença material da arca.
Mas, não é o que a história nos mostra.
No capítulo 4, os israelitas levam a arca, para a batalha, mas Deus não estava presente. Por isso eles foram derrotados.
Os símbolos existem para nos lembrar de uma contraprestação.
Valeram-se da presença da arca, mas não tinham a presença de quem faria a diferença: O próprio Senhor!
Não é o que ocorre hoje? As pessoas se utilizam dos símbolos, das liturgias, e dos memoriais cristãos ou bíblicos, menos do poder do verdadeiro Deus de forma humilde e com sinceridade de coração. Lembram-se dos símbolos e objetos sagrados. Entretanto, esquecem-se de Deus.


2º Os memoriais servem para nos lembrar os feitos de Deus e de que só Ele deve ser adorado (7.2-6)

Os objetos são somente objetos. Servem tão somente para nossa memória. Como uma aliança de casamento nos lembra de um compromisso maior de reciprocidade e amor para com o cônjuge. Como uma certidão de nascimento que me declara mais que simplesmente um responsável legal; me lembra que tenho o dever de influenciar positivamente na formação do caráter do meu filho.
Os objetos, portanto, servem para nos lembrar, no caso do texto bíblico em estudo, dos feitos do Senhor.
Precisamos aprender a desviar o foco dos líderes e, como igreja, não olhar para homens ou coisas, somente para Deus.
Seguir homens é perigoso. Guiar-se por símbolos pode ser idolatria. Olhar para Deus é garantia de vitória.


3º Os memoriais de Deus são incomparáveis (7.3)

Veja como os símbolos são perigosos quando o coração do homem não está voltado para a compreensão correta: os israelitas tinham a arca naquele local já há 20 anos e Samuel apela para que tirem do meio deles os deuses estrangeiros!
Os memoriais de Deus são incomparáveis! Os símbolos de Deus têm correlação: a serpente de bronze com a cruz, a páscoa com a ceia, a lei com a graça.
Por isso, firmar-se em símbolos do passado é esquecer o objetivo central da salvação que há em Cristo Jesus.


4º Os memoriais nos trazem à mente o passado e nos reposicionam em direção ao futuro (7.12-13)

Samuel ergueu uma pedra entre Mispá e Sem e deu o nome daquele lugar de “Ebenézer” que significa “até aqui nos ajudou o Senhor” e isso tudo nos traz alguns ricos ensinamentos:

1 – Naquele local onde os israelitas haviam sido massacrados 20 anos atrás, agora havia vitória.
Faz lembrar que mesmo tendo perdido batalhas, Israel agora era vencedor.
Paulo nos diz que em tudo somos atribulados, mas não desamparados, ficamos perplexos, abatidos, mas não desanimados.
O memorial nos traz a lembrança nossas lutas que nos fazem amadurecer e reconhecer que, se chegamos até aqui é porque em algum momento tivemos vitória.

2 – Deus cumpre os seus propósitos através de nós ou até mesmo independentemente de nós.
É só traçarmos um paralelo entre as vidas de Hofni e Finéias e a de Samuel que poderemos perceber isso.
Deus cumpriu seus propósitos através deles da maneira como quis, porém, castigou os primeiros e exaltou o último.
Vejamos como Deus usa poderosamente aqueles que o temem: “E a palavra de Samuel espalhou-se por todo o Israel” (4.1a). “A mão do Senhor esteve contra os filisteus durante toda a vida de Samuel” (7.13b).

3 – O memorial nos recoloca em direção ao futuro a partir do momento em que compreendemos que Deus ainda tem muito mais a nos dar se o temermos e confiarmos que Ele fez, faz e continuará a fazer no meio do Seu povo.
Lembremos do que Paulo disse em Efésios 3.20-21: “Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós, a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre! Amém!”


Conclusão

Portanto, a pergunta que faço para concluir é “onde está Deus?” Em meio aos símbolos e memoriais? Por acaso podemos aprisioná-lo dentro de ‘objetos sagrados’ que criamos ou que trouxemos no AT?
A resposta é negativa. Deus não pode ser preso aos muros de nossa religiosidade. Deus habita no coração contrito.
Termino essa meditação com as palavras do profeta Samuel ao rei Saul:
“Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. Pois, a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria”. (I Sm 15.22,23).